Gostava de começar este artigo recordando dois textos que escrevi neste jornal, em agosto de 2023, com os títulos “O verão está quente e a água do mar está ótima” e “Provavelmente o verão mais fresco do resto das nossas vidas”. Foram, de certo modo, uma crónica anunciada do que estava para vir e que, na semana passada, em plena canícula, me voltou à memória. Na televisão, viam-se banhistas a celebrar, com entusiasmo, uma água de mar “quente como nunca”. Foi como escutar violinos enquanto o mundo afunda. Outros, mais atentos às sucessivas ondas de calor, cada vez mais frequentes e intensas, começam a apontar para a necessidade urgente de mudança. Seja por via da mitigação, seja por adaptação, o nosso modo de vida terá inevitavelmente de se ajustar à nova realidade.