Armando Esteves Pereira - Diretor-geral editorial adjunto Medialivre S.A.
13 de Março de 2025 às 20:55
A crise das avenças
As avenças recebidas pela empresa da família do primeiro-ministro levaram à queda do Governo. O caso merece escrutínio, mas Luís Montenegro prefere novas eleições a ser frito em lume brando numa penosa comissão parlamentar de inquérito. Em maio o pior que pode acontecer é os resultados serem semelhantes aos de há um ano e o país ficar num beco com saída para o pântano, porque esta crise também revela uma atrofia dos partidos cada vez mais dependentes dos favores das suas lideranças internas.
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A crise política originada pelas avenças recebidas pela empresa da família do primeiro-ministro é um assunto muito sério. Em causa estão princípios elementares de ética republicana. Contudo, o desenvolvimento desta ‘crise das avenças’ mostrou que a elite política parece divorciada das preocupações dos cidadãos e, além da mediocridade dos atores, revela uma crise no sistema partidário cada vez mais entregues a cliques de interesses particulares, que dominam os partidos, dificultando a renovação do poder. Esta atrofia dos partidos pode pôr em causa o atual regime. Há o risco de estamos no princípio do fim da III República, instituída há 50 anos e só os escândalos recentes do Chega nos afastam de um advento mais célere da IV República.
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