No verão de 2011 parecia haver um apoio alargado, e inédito em Portugal, a um programa de corte da despesa pública. O resgate financeiro estava assinado, o governo PSD/CDS acabava de ser eleito fazendo da luta contra o despesismo uma bandeira e parte significativa do eleitorado andava assustada. Mas o apoio durou pouco tempo. Acabou precisamente quando esse eleitorado percebeu que a fatia de leão da despesa era, afinal, rendimento que entrava no seu bolso - as pensões, os subsídios, os salários - e dinheiro que financiava serviços essenciais. Entretanto a troika saiu e a agenda política sobre a despesa ficou sepultada - até hoje.