A Europa em perigo de grave conflito
Ninguém sabe para aonde caminha a Europa. O que, rigorosamente, se conhece é que a Alemanha é ama e senhora de todas as decisões tomadas pelo resto dos Países europeus.
Ninguém sabe para aonde caminha a Europa. O que, rigorosamente, se conhece é que a Alemanha é ama e senhora de todas as decisões tomadas pelo resto dos Países europeus. A "soberania restringida" tornou-se numa espécie de "soberania sob vigilância", com a complacência de Governos subalternos, que se curvam a tudo quanto ocorre à senhora Merkel. A Europa da "igualdade", sonhada no pós-guerra, transformou-se num pesadelo. Países como a França, a Itália, a Espanha, Portugal, ainda não há muito orgulhosos das suas independências, tombaram no logro, com Executivos de direita, que capitularam, miseravelmente, ante o projecto hegemónico de domínio de um só país.
Chega a ser vergonhosa a bajulação de Governos, entre os quais este, de Passos Coelho, em torno de Angela Merkel, que mais não é do que um títere dos grandes interesses económicos, e de uma nova forma de governar a Europa. O perigo é enorme. Apenas um Governo, o da Hungria, e, neste caso conservador, negou o projecto de "ajuda" financeira ao país, e, com as suas próprias decisões políticas, está a resolver as diversas crises com que o haviam enredado. No caso português, a Alemanha não parece particularmente interessada em que se consiga sair sem medidas cautelares e ajudas que tendem a perpetuar-se. E o Governo, este, em vez de bater com o pé e impor o que decide, está a curvar-se aos desígnios alemães, aliás com o acordo de "economistas" portugueses, "muito qualificados", diz a nossa amorfa Imprensa.
É também de pensar a resistência a operar-se ao Manifesto dos 74, e de mais outros 74, estes estrangeiros, sobre a negociação da dívida. Que interesses ocultos defendem estes antagonistas? E que dívida? A pergunta começa a ser feita, com laivos de indignação, por aqueles que estão a ser causticados com cortes nos salários, nas pensões, nas reformas, sem deverem nada a ninguém. Esta nova crise do capitalismo, que, tudo o indica, vai agravar-se, por insolúvel, pode resultar em conflitos extremos. A guerra não deverá ser afastada das conjecturas. E as posições tomadas pela União Europeia, de braço dado com os Estados Unidos, na questão ucraniana, são outros ramos da mesma árvore maldita. Quem os não relacionar, ou é ingénuo ou pretende tapar o sol com uma peneira.
Mas a verdade é que, se a política europeia, neste caso a do Partido Popular, não se modificar, e se os partidos socialistas da Europa não se alterarem, graves e tumultuosos tempos se avizinham. Ao contrário do que diz um banqueiro arrogante, as pessoas não aguentam tudo o que se lhes impõe.
Morte de um homem de bem
Mário Branco, que morreu há dias, com 85 anos, foi um jornalista admirável, preocupado com os assuntos sociais, e um camarada exemplar em todos os sentidos. Animou-o, durante toda a vida, um forte sentimento de justiça e de solidariedade, que se não ficou pelo papel. Militante generoso da causa mutualista, participou em tudo quanto dissesse respeito à natureza daquela causa, e escreveu milhares de artigos e comunicações dedicados ao problema. Durante anos, Mário Branco foi chefe da delegação de "O Comércio do Porto" em Lisboa, desenvolvendo a actividade jornalística com o rigor de um profissional informado e a bondade que lhe estava no temperamento. Deixa muitas saudades, o Mário Branco.
b.bastos@netcabo.pt
Mais lidas