A aposta no petróleo
A eleição de Donald Trump para a presidência americana veio baralhar algumas certezas no Médio Oriente. Até que ponto o degelo EUA/Irão irá avançar? E a aliança entre americanos e a Arábia Saudita regressará em força? Ou os interesses económicos no gigantesco mercado do Irão ultrapassarão as intenções políticas de Trump? Esperar para ver é a palavra de ordem de alguns. Mas não todos. Teerão deseja mais investimento externo. E o acordo assinado na semana passada por um consórcio liderado pela petrolífera francesa Total (com a chinesa CNPC e a iraniana Petropars) no valor de 4,8 mil milhões de dólares, para desenvolver o enorme campo (o maior do mundo, que é partilhado com o Qatar) de Pars sul, é um sinal de esperança. É o primeiro grande acordo na área da energia desde que foi assinado o acordo sobre o nuclear. Espera-se que nas próximas semanas outros contratos possam ser assinados, seja com empresas europeias, seja com russas. O Irão, é bom recordar, tem as segunda maiores reservas de gás do mundo e as quartas maiores de petróleo.
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O acordo é considerado uma vitória para o Presidente Hassan Rouhani, que tem sido criticado internamente sobre os resultados, que consideram limitados, resultantes do acordo nuclear. Algumas sanções foram levantadas, mas a relutância americana no levantamento de outras tem impedido empresas e bancos internacionais de apostarem mais no Irão. Mais uma vez verificou-se que França actuou de forma desalinhada com os EUA. Mas isso não impede que internamente os sectores económicos ligados aos Guardas da Revolução iranianos considerem que o investimento no sector do petróleo deve ser feito com investimento interno. Esta aposta não deixa de se cruzar com o recente anúncio da OPEP de que o pico de procura de petróleo acontecerá dentro de 15 anos, começando a decair a partir daí. Isto dentro da crescente pressão ambiental e do aumento da produção de carros eléctricos, que irá inverter o mercado. A Royal Dutch Shell também já emitiu opinião semelhante, mostrando que este sector está consciente dos desafios que encontrará num futuro próximo. O alerta da OPEP é também uma forma de dizer aos seus membros que devem começar a reflectir sobre a forma como deverão reduzir a dependência das receitas do petróleo. A Arábia Saudita, por exemplo, está a tentar alterar essa dependência. E a dispersão em bolsa de parte do capital da Saudi Aramco prova isso.
China: o nervosismo alemão
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Durante muito tempo, a Alemanha viu no mercado chinês a alternativa aos mercados periféricos europeus. Talvez por isso o Sul da Europa foi encarado como dispensável: a austeridade neles não impedia a indústria exportadora alemã de continuar a crescer, desta vez com os olhos na China. Mas o feitiço está a voltar-se contra o feiticeiro. Em Berlim, o nervosismo é crescente. Por isso já se pede a intervenção da União Europeia para proteger os membros do clube contra os investimentos das empresas estatais e privadas chinesas.
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A Alemanha vê como uma ameaça a compra de empresas de áreas sensíveis, na área das tecnologias, cuja utilidade nos campos civis e militares é conhecida. Ao mesmo tempo, as empresas europeias têm imensa dificuldade em adquirir empresas chinesas, devido às medidas das autoridades locais. Berlim está assim defronte de um dilema: por um lado, não quer entrar numa guerra económica com Pequim, por outro lado, deseja um nível de liberdade comercial nos dois lados. A Alemanha já boqueou compras: recentemente a Fujian Grand Chip foi impedida de adquirir a Aixtron, que produz "chips", por 740 milhões de dólares. Argumentou Berlim com questões de segurança nacional. A Alemanha deseja agora que a União Europeia avance com legislação que possa impedir aquisições de negócios em áreas estratégicas. Mas na Europa há muitas opiniões contrárias: França, por exemplo, está a aumentar as suas relações económicas e de investimento com a China. E Portugal (tal como a Grécia) tem visto no investimento chinês uma forma de contrariarem os seus problemas (muitos deles motivados pelas posições alemãs).
China: avisos a Trump
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O Presidente dos EUA seria "naif" se lançasse uma guerra comercial contra a China, segundo um dos jornais controlados pelo Partido Comunista, o Global Times. Trump, durante a campanha, anunciou aumentos de 45% nas tarifas para produtos chineses. O jornal escreveu que isso seria um "erro", porque isso afectaria muitas empresas americanas. Isso levaria a retaliações. E dá exemplos: muitos contratos com a Boeing seriam substituídos pela Airbus europeia, as vendas de carros e dos iPhone americanos sofreriam, as vendas de soja à China cairiam. O editorial foi publicado poucas horas depois de Trump ter falado ao telefone com Xi Jinping.
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Timor-Leste: economia satisfatória
A actividade económica em Timor-Leste está a expandir-se a um ritmo "satisfatório", ritmo esse que deverá manter-se em 2017, segundo o Fundo Monetário Internacional. O FMI afirma por outro lado que a evolução económica timorense a médio prazo dependerá da capacidade de proceder à sua diversificação, já que a maior parte dos poços de petróleo actualmente em exploração deverão ficar esgotados por volta de 2020. O FMI diz que o Produto Interno Bruto (PIB) real não petrolífero deverá crescer 5% este ano. O défice orçamental este ano será de 13,9% do PIB.
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China: aposta em Angola
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Empresários da China deverão aplicar até 1.200 milhões de dólares em projectos agrícolas, pesqueiros, de exploração mineira, industriais e de construção civil em Angola, de acordo com o comunicado final do Fórum de Investimento Angola/China, realizado em Luanda. O fórum foi organizado pela Unidade Técnica para o Investimento Privado (UTIP) da Casa Civil do Presidente da República de Angola em parceria com o Ministério do Comércio da República Popular da China.
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