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Fernando Sobral - Jornalista fsobral@negocios.pt
20 de Novembro de 2018 às 20:50

O país do desenrasca

Olha-se para a estreita estrada municipal (outrora nacional), num equilíbrio instável entre pedreiras, e julga-se estar a assistir a uma imagem da Lua ou de Marte. Não é: fica ali, junto a Borba.

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Quando cai aos trambolhões do céu uma crise que todos esperavam, mas que ninguém julgava que pudesse acontecer durante o seu mandato, os políticos e os responsáveis utilizam várias tácticas ensinadas pelos irmãos Marx. Uns, como Chico, dedicam-se a jogar cartas e a tocar piano só com a mão direita (porque nunca aprenderam a fazê-lo com a esquerda). Outros fazem como Groucho: são quimicamente puros, pegando em charutos enquanto falam sem dizer nada; alguns são angelicais como Harpo, só movem os lábios e em vez de falar usam uma buzina para se exprimirem. Quem está na plateia habituou-se ao jogo das aparências: habituados à ética do cinema somos quase incapazes de imaginar heróis complexos. Queremos que os maus sejam maus e os bons trabalhem durante 24 horas sem tempo para descansar ao domingo. Por isso nem actores nem espectadores conseguem já suportar a realidade: os pecados repartem-se por todos, mas ninguém quer assumir os seus. Como a obesidade ou a celulite, a culpa é hoje um conceito relativo.

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