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Luís Bettencourt Moniz
21 de Outubro de 2015 às 00:01

Imortalidade e passado digital  

Que memórias digitais existem sobre cada um de nós e das nossas organizações? Qual era o aspecto do nosso site há 15 anos? Questões que não se colocam no mundo físico.

Recorremos ao álbum de fotografias da família ou às bibliotecas para recordarmos quem somos, para construir a nossa identidade individual e colectiva.

No digital, paradoxalmente, a questão não é simples. O saudoso jornalista Miguel Gaspar escreveu que o digital estava a criar uma sociedade de fantasmas. Se somos utilizadores de redes sociais, parte do registo da nossa memória está lá. Lembramo-nos frequentemente ou fazem-nos lembrar (por exemplo, no Facebook a função da cronologia). A informação que deliberadamente colocamos e a que colocam sobre nós (boa ou má) é eterna em termos digitais. A morte não a elimina. O direito ao esquecimento surge com o digital. A morte digital é apenas uma função dos resultados de pesquisa.

Se as redes sociais facilitam a integração num único formato da informação sobre nós, nos sites a complexidade é tremenda. Construídos em momentos diferentes, com tecnologias diferentes e muitas vezes incompatíveis, as versões sobrepõem-se ao invés de se acumularem. Mesmo que capturemos várias imagens ao longo do tempo, a memória não é viva.

O projecto Wayback Machine (www.archive.org/web/) da organização sem fins lucrativos Internet Archive, está a criar um arquivo digital que contempla a dimensão tempo. Podemos ver a evolução de sites desde a sua primeira versão até aos dias de hoje. Por exemplo, como era o design do site do Jornal de Negócios em 2010 ou o primeiro site da Microsoft em 1996. São mais de 430 mil milhões de páginas catalogadas. Podemos associar o nosso site para memória futura e com regularidade o Wayback vai capturando a informação do seu design. Tudo em prol da memória e da imortalidade digital, no entanto, bem longe da qualidade de conteúdos de uma biblioteca física e/ou digital. 

Para sermos completos e imortais basta reformular o sábio ditado: "Plantar uma árvore, escrever um livro, ter um filho e estar nas redes sociais."

Responsável de Marketing no SAS Portugal 

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