1.500 euros??? E a produtividade?
Montenegro está a tentar sacudir a pressão da greve geral, mostrando aos eleitores que o país não precisa de paralisações para ser mais rico. A ideia seria boa se estivesse a fazer reformas. Mas não está.
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O primeiro-ministro diz querer terminar a legislatura com o salário mínimo nos “1500 ou 1600 euros . É possível? Recorde-se que a meta para a legislatura é 1100 euros, um objetivo já de si ambicioso. Sendo assim, como vamos chegar a 1500 euros? E como é que o salário médio, que está agora em 1615 euros (dados do INE) podem terminar a legislatura a rondar os “2500, 2800 ou mesmo 3000 euros”, como disse Montenegro?
O primeiro-ministro já tinha surpreendido ao afirmar que espera pôr a economia a crescer a “3, 3,5, ou 4%”: a última vez que a economia cresceu a taxas de 4% foi durante os distantes governos de Cavaco Silva…
Os governos podem prometer este mundo e o outro. Mas para que essas promessas se tornem credíveis é necessário ter bases credíveis: que medidas está o governo a tomar para a economia crescer 4%? Nenhuma, com exceção de uma tímida reforma laboral criticada por todos: Presidente, sindicatos e partidos da oposição… até da direita, como se vê pelas críticas do Chega.
É essa inação que leva a duvidar dos 1500 euros de salário mínimo e 2800 de salário médio. Nenhum sindicato nem partido de esquerda está disposto a subordinar aumentos salariais ao crescimento da produtividade… embora saibam que é o único indicador que permite suportar aumentos salariais sem aumento do desemprego: se os salários aumentarem sem que a criação de valor pelas empresas aumente na mesma proporção, a única coisa que cresce é o desemprego.
Moral da história: Montenegro está a tentar sacudir a pressão da greve geral, mostrando aos eleitores que o país não precisa de paralisações para ser mais rico. A ideia seria boa se estivesse a fazer reformas. Mas não está.
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