A nódoa num homem certinho
Um homem certinho como Marques Mendes teria de ter uma mancha. Pelo menos uma. É Lisboa que não acaba de surpreender. E dificilmente será contida. Mais uma vez não há dinheiro. Não há para as instituições de apoio a sem-abrigo e a deficientes.
Não há para os centros de acolhimento que uma grande metrópole deve manter como pólos de um mínimo equilíbrio social.
E não há – poderia a câmara argumentar – por os serviços básicos exigirem um esforço financeiro que condiciona a gestão. Seria aceitável tendo em conta o diferencial entre a receita e a despesa – os fatídicos 100 mil euros/dia só para acordar. Poderia ser mas não é. Por não ser admissível que quem exclui o auxílio à dignidade inclua o financiamento do circo.
É verdade: a câmara de Lisboa corta o apoio financeiro aos sem-abrigo mas recusa diminuir a verba orçamentada para os arraiais de Santo António. Marques Mendes é o responsável pela subsistência política de Carmona Rodrigues. Num homem certinho a nódoa nota-se mais.
P.S. Parece evidente a intenção de Sócrates no atraso nas eleições para o Tribunal Constitucional: garantir uma apreciação positiva da nova lei do aborto. A cooperação de Cavaco não se pode traduzir numa progressiva e indistinta cumplicidade.
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