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Lucros da Galp caem 9% para 565 milhões no primeiro semestre

Apesar da queda nos primeiros seis meses do ano, a petrolífera aumentou o resultado líquido em 25% no segundo trimestre, para 373 milhões.

21 de Julho de 2025 às 07:22

A Galp fechou o primeiro semestre de 2025 com um resultado líquido ajustado de 565 milhões de euros, menos 9% face aos 624 milhões de euros registados em igual período do ano passado, anunciou a petrolífera em comunicado enviado à Comissão para o Mercados dos Valores Mobiliários (CMVM).

No que diz respeito ao período entre abril e junho, a empresa obteve 373 milhões de euros no segundo trimestre do ano, o que significa um aumento de 25% (face a 192 milhões) em relação ao período homólogo, "suportado pelo aumento da produção de petróleo e gás natural no Brasil e por um forte desempenho da atividade de trading de produtos nos mercados internacionais. Nestes três meses, a Galp começou finalmente a receber em Sines as cargas de gás natural liquefeito compradas à americana Venture Global LNG, nos Estados Unidos, informou a empresa. Só no segundo trimestre chegaram três a Portugal, algo que a empresa classificou como "decisivo". 

Já o resultado ajustado a custo de substituição (RCA) antes de juros, impostos, depreciação e amortizações (EBITDA) no trimestre foi de 840 milhões, em linha com os 849 milhões registados no período homólogo de 2024. Diz a Galp que entre abril e junho, "a melhoria de resultados em todas as áreas de negócio compensou a queda nas cotações do crude (em cerca de 10%) que penalizou a performance financeira do "upstream", tradicionalmente o principal motor dos resultados da empresa".

No entanto, no acumulado dos seis meses, este indicador caiu 16%, de 1.788 milhões de euros no primeiro semestre de 2024 para 1.509 milhões no mesmo período de 2025. Isto dadas as "condições macroeconómicas mais desafiantes", justificou a empresas. Deste valor, cerca de 80% teve origem nos mercados internacionais, com destaque para as atividades de "upstream" e de "trading" e para as exportações de produtos a partir de Portugal.

"O segundo trimestre de 2025 foi mais um trimestre forte para a Galp, sustentado por um desempenho operacional robusto em todos os negócios", referiu, no mesmo comunicado - e apesar da queda no semestre -, a co-CEO e CFO da Galp, Maria João Carioca, sublinhando o atual "cenário macroeconómico e geopolítico cada vez mais incerto".

"Continuamos empenhados em cumprir as nossas prioridades e estamos confiantes no nosso desempenho, por isso, estamos a melhorar as nossas expectativas operacionais para 2025. Garantir uma forte parceria na Namíbia PEL 83 continua a ser um marco importante, e os progressos realizados até à data reforçam a nossa confiança na sua conclusão com êxito", acrescentou. No país africano, a petrolífera completou no segundo trimestre os trabalhos de perfuração do quinto poço no complexo de Mopane. 

O valor do investimento no segundo trimestre atingiu 190 milhões de euros. Deste valor, 81 milhões, foram para os projetos de upstream no Brasil e cerca de 74 milhões aplicados em Sines, nomeadamente na construção do eletrolisador de 100MW para a produção de hidrogénio verde e da nova unidade para produção de biocombustíveis avançados (HVO/SAF). A Galp garante que os dois projetos deverão entrar em operação já no próximo ano.

Somam-se ainda mais 30 milhões investidos na conversão e modernização da rede de estações de serviço, expansão da infraestrutura de carregamento para a mobilidade elétrica e renováveis. No semestre, o investimento totalizou 484 milhões.

Galp revê em alta projeções para 2025

De acordo com a Galp, as melhorias registadas neste trimestre permitiram rever em alta algumas das projeções operacionais e financeiras para o resto do ano, apesar da desvalorização do dólar.

"É esperado que o EBITDA supere os 2,7 mil milhões, o que compara com uma previsão anterior de 2,5 mil milhões. Uma boa parte desta revisão resulta do início das entregas de cargas de GNL por parte da Venture Global LNG, nos Estados Unidos, que melhora as perspetivas para a atividade de trading nos próximos trimestres", refere o mesmo comunicado.

Além disso, o fluxo de caixa operacional da Galp deverá ultrapassar 1,8 mil milhões, que comparam com a previsão anterior de 1,6 mil milhões. Em termos operacionais, a produção média de petróleo e gás natural do ano deverá situar-se entre 105 e 110 mil barris diários, enquanto a estimativa anterior era de 105 mil barris diários.

No que diz respeito ao projeto petrolífero na Namíbia, "assegurar uma parceria forte continua a ser uma prioridade e é o próximo passo natural", disse a CFO no vídeo de apresentação dos resultados. "Os nossos objetivos continuam a ser claros: estabelecer uma parceria com um operador experiente e assegurar que essa parceria é construída com base em fundamentos sólidos. Partilhámos dados durante a maior parte do segundo trimestre com uma lista selecionada de  potenciais parceiros e recolhemos ofertas não vinculativas de operadores altamente credíveis. O nosso foco centrar-se-à agora na análise de ofertas", disse Maria João Carioca, mostrando-se confiante numa "parceria até ao final do ano".

Paragens no Brasil e apagão em Portugal afetam produção petrolífera

Em termos das diferentes unidades de negócio, no "upstream" a Galp dá conta de uma queda de 24% no EBITDA para 403 milhões de euros em termos homólogos, enquanto no semestre caiu 28% para 778 milhões. Os resultados devem-se a um primeiro trimestre marcado por paragens para manutenção nas unidades no Brasil, sendo que o aumento da produção de petróleo para uma média de 113 mil barris diários no segundo trimestre apenas compensou parcialmente o impacto da queda das cotações do petróleo nos resultados da unidade de upstream, explica a empresa.

No "industrial & midstream", a atividade de trading de petróleo, gás e eletricidade "compensou um período difícil para a atividade de refinação, em que o impacto da deterioração das margens de refinação internacionais foi agravado pela diminuição do volume de produtos processados na refinaria de Sines, que em grande parte resultou de uma paragem forçada pelo apagão ibérico". Segundo a petrolífera, as exportações da refinaria representaram 29% dos volumes produzidos.

A Galp frisa que "para o bom desempenho das atividades de trading, foi decisivo o início de entrega de volumes por parte da Venture Global LNG ao abrigo de um contrato de longo prazo, tendo a Galp levantado três cargas de GNL ao longo do segundo trimestre". O EBITDA ajustado desta unidade de negócio aumentou 42% em comparação com o segundo trimestre de 2024, para 320 milhões. No semestre, em termos homólogos, o EBITDA aumentou 2% para 539 milhões.

A unidade comercial, que agrega a rede de estações de serviço, mas também os clientes residenciais e empresariais de produtos petrolíferos, gás natural e eletricidade, viu o EBITDA aumentar 28% no segundo trimestre (para 101 milhões) e 15% no semestre, para 163 milhões. A Galp expandiu a sua rede de carregamento para a mobilidade elétrica e chegou no final de junho a 7.700 pontos, um crescimento de 52% em relação ao final de junho de 2024.

As vendas de combustíveis e eletricidade no trimestre aumentaram 4% e 12% em termos homólogos, para 1,9 milhões de toneladas e 2 TWh, respetivamente.

Também o segmento de renováveis registou um trimestre positivo, com a entrada em operação de dois novos parques fotovoltaicos em Espanha que adicionaram 115 MW de capacidade instalada em operação – que agora totaliza 1,7 GW. Em Portugal a empresa dá conta de ter iniciadoa construção de um projeto de baterias com 55 MW, depois de um projeto pioto de 5 MW

O EBITDA da unidade de Renováveis aumentou 72% no segundo trimestre  em termos homólogos para nove  milhões, apesar dos inferiores preços de mercado solar, e 35% no semestre, para 19 milhões.

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