Segundo o estudo Sustainable Signals: Corporates 2025, do Morgan Stanley Institute for Sustainable Investing, 88% das empresas globais consideram a sustentabilidade uma via para a criação de valor, um aumento de três pontos percentuais face à edição do ano anterior. “Os dados sugerem que a sustentabilidade continua a ser central para a criação de valor a longo prazo”, afirma Jessica Alsford, Chief Sustainability Officer e Chair do instituto.
“As empresas em todo o mundo reportam um alinhamento entre estratégias corporativas e prioridades de sustentabilidade, à medida que procuram construir negócios resilientes e preparados para o futuro”, acrescenta.
A evolução nota-se não apenas no discurso, mas sobretudo na prática, com 65% das organizações a dizerem que estão a cumprir ou a superar as metas definidas nas suas estratégias de sustentabilidade. O avanço é particularmente visível na região Ásia-Pacífico, onde o progresso foi mais significativo face a 2024. O estudo revela ainda um dado fundamental para a consolidação do investimento sustentável nas empresas: 83% garantem conseguir medir o retorno das iniciativas com os mesmos critérios aplicados a outros investimentos de capital ou operacionais.
Nas utilities e nas tecnologias da informação, o investimento foca-se sobretudo em novos projetos e inovação, enquanto em áreas como a comunicação, o imobiliário ou os bens de consumo, a atenção recai sobre a redução de riscos e custos operacionais.
Apesar do otimismo, os desafios são reais e, em muitos casos, já se fazem sentir, aponta o estudo. Nos últimos 12 meses, 57% das empresas enfrentaram impactos diretos de eventos climáticos extremos, como calor excessivo, tempestades, incêndios ou secas, e os efeitos mais sentidos foram o aumento dos custos (54%), a perturbação da força laboral (40%) e perdas de receita (39%). As perspetivas para os próximos cinco anos não são muito mais animadoras, com mais de dois terços das empresas a antecipar que os riscos físicos e de transição climática possam afetar a procura, os custos, os planos de investimento e a relação com os investidores.
Ainda assim, mais de 80% afirmam sentir-se preparadas para reforçar a sua resiliência com planos que vão da adaptação das cadeias de abastecimento à atualização de infraestruturas, passando pela formação de colaboradores e pela gestão financeira do risco climático.
Mas há também oportunidades claramente identificadas pelas organizações inquiridas. Um quarto das empresas acredita que a sustentabilidade pode impulsionar diretamente a rentabilidade, quer por via da eficiência, quer pela transformação dos modelos de negócio. Para outras, a transição verde é vista como uma forma de crescer em novos mercados (19%) ou reduzir o custo do capital (13%).
Por outro lado, mais de metade das empresas apontam os custos como a maior barreira à sustentabilidade, nomeadamente no investimento inicial para adaptação de processos e para cumprir exigências regulatórias. A pressão é maior nos setores com modelos de negócio mais tradicionais ou com cadeias de produção mais rígidas, em que a transformação implica custos que nem sempre são fáceis de justificar no curto prazo.
A tecnologia surge, para muitas empresas, como um trunfo essencial neste caminho rumo à sustentabilidade corporativa. Um terço dos inquiridos destaca os avanços tecnológicos como o principal fator de sucesso para cumprir as suas estratégias de sustentabilidade. Em segundo plano surgem o contexto económico favorável, o aumento da procura e o apoio de lideranças internas.
Um dos grandes desafios apontados é, contudo, a ausência de competências específicas e a falta de dados, sobretudo nas regiões onde a maturidade dos modelos ESG é menor. Recorde, a este propósito, o que procuram as empresas portuguesas no talento verde de que precisam para fazer avançar as suas estratégias de sustentabilidade.
Na Europa, o foco está no cumprimento regulatório e no crescimento da procura por parte dos consumidores, enquanto na América do Norte as preocupações são sobretudo em relação à incerteza política e aos custos de adaptação. Já na região Ásia-Pacífico, ainda que a perceção de valor seja mais baixa (45%), a maioria das empresas declara estar a fazer progressos. Curiosamente, nas regiões incluídas pela primeira vez no estudo - Médio Oriente e Norte de África (MENA) e América Latina - o otimismo é evidente, com 86% e 67% das empresas, respetivamente, a dizerem que veem a sustentabilidade como uma oportunidade de criação de valor.
O estudo Sustainable Signals: Corporates 2025 é baseado num inquérito a 336 empresas de média e grande dimensão, distribuídas por mais de 30 países na América do Norte, Europa e Ásia-Pacífico. Pela primeira vez, foram também incluídas respostas de empresas da América Latina, do Médio Oriente e Norte de África, ainda que estas não tenham sido contabilizadas nos resultados globais para garantir que é possível comparar os resultados com edições anteriores.