México é o paraíso para se negociar acções com informação privilegiada
A prática conhecida como "insider trading" é comum no mercado bolsita mexicano e quase toda a gente o sabe. Assim como nos EUA, no México também é proibido negociar instrumentos financeiros com base em informações que não são do conhecimento público.
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O órgão regulador do mercado financeiro começou a divulgar, apenas em 2008, as sanções que aplica. Apenas 28 pessoas foram punidas desde então. A Comissão Nacional Bancária e de Valores (CNBV) demora, em média, mais de cinco anos para determinar a punição em casos de insider trading.
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Até agora ninguém foi preso nem acusado criminalmente. Enquanto nos EUA as multas podem somar dezenas de milhões de dólares, no México a pena ronda os 60.000 dólares por pessoa. O regulador afirma que age com base na sua autoridade constitucional e recusou comentar quando questionado se faz o suficiente para impedir a realização de transacções com informações privilegiadas.
Oscilações invulgares nas acções são um assunto constante no mercado financeiro mexicano, que movimenta 400 mil milhões de dólares. Episódios recentes levaram investidores e advogados a defenderem à porta fechada que as autoridades abram investigações, mas estas pessoas temem ostracismo e poucas estão dispostas a falar abertamente sobre o assunto. Afinal, corrupção e impunidade são temas centrais das campanhas para a eleição presidencial que acontecerá a 1 de Julho.
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Volume limitado
As acções mexicanas dificilmente flutuam quando as empresas anunciam resultados trimestrais, ressaltou John Griffin, professor da Universidade do Texas, em Austin, que estudou o "timing" das movimentações nos preços das acções em 56 países. "A explicação mais provável é que está disseminada a negociação com informações privilegiadas", disse o responsável. "Quando surgem notícias sobre os resultados das empresas, não há nada de especial porque as pessoas já incorporaram os dados."
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Segundo agentes do mercado, a CNBV não tem tecnologia ou funcionários suficientes para controlar potenciais irregularidades.
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- As acções da OHL México chegaram a subir 5,2% em 14 de Junho. Depois do encerramento do mercado, a construtora comunicou às autoridades que foi alvo de uma oferta de aquisição. Antes do anúncio, um porta-voz da OHL disse que não comentaria a oscilação das acções.
A 27 de Setembro, as acções da Alfa recuaram para o valor mais baixo em semanas. 14 minutos após o fecho do mercado, o conglomerado industrial avaliado em seis mil milhões de dólares anunciou a decisão de não abrir o capital da subsidiária Sigma.
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- A 4 de Outubro, as acções da Ienova, unidade da Sempra Energy no México, tiveram a maior perda num ano, caindo 3,9%. Dois dias depois, a empresa anunciou que pagaria 520 milhões de dólares à Pemex pela participação de 25% num gasoduto. As acções sofreram quedas durante seis sessões consecutivas.
- As acções do Grupo Financiero Banorte chegaram a recuar 8,9% a 25 de Outubro, antes do anúncio da aquisição do Grupo Financiero Interacciones.
(Texto original: Insider-Trading Paradise: Where No One Worries About Jail Time)
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