Virgolino Faneca revela que a crise catalã tem o dedo da Nintendo

Para superar a crise a Nintendo andou à procura de um substituto do Pikachu. E deu nisto, ou melhor, deu na rebaldaria que se vive na Catalunha.
Carles Puigdemont
Reuters
Celso Filipe 29 de Março de 2018 às 17:00

Caro Javier

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Sei que a minha fama de descodificador do mundo já ultrapassou fronteiras. Por isso, entendo na plenitude os motivos que te levaram a enviar uma interrogativa carta sobre a situação que se vive na Catalunha e em todo o reino de Espanha, excepto em Lanzarote, onde não acontece rigorosamente nada.

Pois que eu, após uma intensa demanda, concomitante a uma reflexão demorada, concluí que toda esta trapalhada independentista, com fugas, manifestações, prisões e outras coisas acabadas em "ões" que agora não me ocorrem, estão irrefutavelmente ligadas à acção de agentes externos desestabilizadores, que consegui identificar após um trabalho árduo.

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Ou seja, Javier, estou em condições de traçar, por escrito, o mapa que conduz ao responsável por esta bagunça. E, respira fundo, porque de certeza que te vais arrepiar quando eu apontar o dedo (sentido figurado) ao culpado. Para começar, deixa-me dizer que o dito é japonês, sendo que se trata de uma pessoa colectiva que responde pelo nome de Nintendo.

E não, não estou biruta. O esquema montado tem a complexidade da trama dos livros do Dan Brown e comportei-me com um verosímil Tom Hanks, embora me tenha faltado a Audrey Tautou, sem desprimor pelas qualidades da Clementina da retrosaria, principalmente ao nível que tu sabes que eu sei que tu sabes.

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Pois que é assim. A Nintendo estava a viver uma crise depois do fracasso comercial da sétima geração dos pokémon. O Pikachu tinha perdido o elã e o Meowth desertou devido a problemas psicológicos relacionados com o facto de o Team Rocket perder todas as batalhas. Isto sem falar do Charmander, que se reformou porque estava farto de andar com a casa às costas.

Vai daí, a Nintendo desatou à procura de um pokémon substituto do Pikachu e encontrou o Puigdemont, que é igualmente eléctrico, além de as suas bochechas crepitarem quando está irritado, o que acontece quando ouve falar o Rajoy, que é um Grimer, ou seja, um pokémon do tipo venenoso. Feita a identificação, a Nintendo deparou-se com um problema intricado, o da captura do Puigdemont. Utilizou várias pokébolas, mas o Puigdemont conseguiu escapar sempre graças à ajuda do amigo Ash.

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Foi então que a Nintendo arquitectou um plano maquiavélico, para o qual contou com a colaboração involuntária de Joy, a simpática enfermeira dos pokémons. O que se passou foi o seguinte. Os japoneses souberam que o Ash e o Puigdemont andavam à procura de um ginásio na Baviera para conquistarem um crachá e recorreram ao Unown, o pokémon dos feitiços, para lançar um sobre a senhora Merkel. Esta assumiu a forma da enfermeira Joy e aproximou-se do Puigdemont, apanhando-o de forma traiçoeira e soez. Agora têm-no aprisionado numa pokébola e a Nintendo está a preparar o lançamento de um novo jogo com uma série pokémons diferentes. Além do Puigdemont e do Rajoy, haverá também o Turull, um pokémon do gelo, o Filipe VI, um pokémon de pedra, a Arrimadas, que faz as vezes de Misty e se quer dar bem com todos, e o Piqué, um pokémon futebolista.

A Nintendo está a esfregar as mãos de contente e a fazer cálculo mental aos lucros vindouros, à conta de uma ganância que fez tábua rasa da intricada questão catalã, resumindo-a um pokédex. Neste quadro, é-me permitido e até legítimo fazer a seguinte comparação: da mesma forma que a Rússia interferiu nas eleições norte-americanas, também o Japão está a meter o bedelho na Catalunha, com o fito pouco nobre de obter ganhos económicos à custa de terceiros.

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Na minha opinião, que não é modesta, só há uma maneira de resolver este assunto: é meter o PAN ao barulho e colocar a Diana Vianez como mediadora porque ela tem bons argumentos. Com este pensamento misógino me despeço.

Com os melhores cumprimentos,

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Virgolino Faneca

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