A atenção é inevitável - e merecida - depois de "Rafa" ter ganho o Urso de Ouro na competição de curtas-metragens do Festival de Berlim, um dos mais importantes festivais de cinema mundiais. Isto, pouco tempo depois de ter conseguido uma Palma de Ouro em Cannes com a curta "Arena". João Salaviza não está embriagado pelos prémios.

Tem 28 anos e três curtas mas parece que tem mais bagagem. Depois de ter dedicado o prémio de Berlim ao Governo para que não deixe o cinema português morrer, João Salaviza parece carregar a responsabilidade nos ombros. Ou talvez a expressão grave seja fruto das suas deambulações na cidade, uma cidade com pouco dinheiro para construir o futuro. O seu cinema mora em Lisboa. E vive no seu tempo, um tempo em que um miúdo como Rafa sai de casa sem levar dinheiro no bolso.