Alfredo Cunha: Os deuses dos repórteres têm estado comigo
Não se lembra de aprender a fotografar porque sempre fotografou, coisa de avô, coisa de pai. Alfredo Cunha é o autor das imagens icónicas de Salgueiro Maia. São dele as fotografias dos contentores junto ao Padrão dos Descobrimentos. Contentores cheios de África.
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Em 1974, o fotógrafo Alfredo Cunha apanhou o comboio para a revolução. Estava na Amadora a ouvir música, o telefone tocou, ele foi, os deuses foram com ele e ele encontrou Salgueiro Maia, o homem que mandava. "Para onde ele ia, eu ia e eu fotografava". Acompanhou a ponte aérea, viu homens a trocarem chaves de BMW por maços de tabaco. São dele as fotografias dos contentores empilhados junto ao Padrão dos Descobrimentos. Contentores cheios de África. Filho e neto de fotógrafos, Alfredo Cunha trabalhou em publicações como O Século, Público e Jornal de Notícias. Foi fotógrafo oficial de Ramalho Eanes e Mário Soares. Em 2012, publicou "Cortina dos Dias", uma viagem pelos últimos 40 anos. Agora foi a vez de "Toda a Esperança do Mundo", em co-autoria com Luís Pedro Nunes, que celebra os 30 anos da AMI. Três meses depois da fotografia do menino sírio que apareceu morto na praia, o que ficou? Na altura, a imagem chocante pareceu ter despertado a sociedade ocidental para o drama dos refugiados. E hoje?
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