A três meses das presidenciais e com o país à espera da palavra decisiva de Belém para resolver o impasse governativo, o favorito à sucessão de Cavaco Silva lembrou esta semana que "um Presidente da República (PR) não é o presidente de um partido, facção ou coligação". Este regime político, que Marcelo Rebelo de Sousa descreve como "um meio termo" entre o presidencialista e o parlamentarista puro, volta a estar em discussão com o envolvimento do chefe do Estado em mais uma crise política. Enquanto a esquerda unida reclama a legitimidade e até a autonomia parlamentar, os opositores questionam a inadequação deste sistema para soluções de governabilidade e a amplitude dos poderes presidenciais, sugerindo a alteração da arquitectura constitucional quase 40 anos depois da aprovação, a 2 de Abril de 1976.