Por causa do recente lançamento do Pasmados Branco 2009, fui a uma garrafeira investigar que vinhos brancos velhos portugueses estariam à venda. Que dor d’alma. Os dedos das duas mãos chegam para os contar. E quando mostrei um semblante amuado, quem me atendia encolheu os ombros. "Pois, tem razão, são excelentes, mas pouca gente os procura". É o costume. É um cenário triste e contraditório porque quando estes vinhos são provados e correctamente explicados, num jantar sem pressas, a maioria dos estreantes gosta deles. Acha-os diferentes, um bocadinho difíceis de início, é certo, mas misteriosos, desafiantes e curiosos ao longo da refeição. Nem todos gostarão, mas uns quantos acharão divertido que alguém de um lado da mesa detecte aromas de tílias enquanto outro convidado salienta ervas, folhas secas, feno, calcário e por aí fora. Como têm estrutura e acidez, os brancos velhos até acompanham com harmonia pratos de carne. Dão luta e muita conversa.