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Carlos da Camara Pestana: O banqueiro transAtlântico

Subiu sempre pela corda do mérito. "Sem nenhum 'pistolão'", que é como quem diz "sem cunhas ou favores", na tradução para o português de Portugal. A vida de Carlos da Câmara Pestana é uma viagem por um tempo em que se cruzam duas ditaduras, duas transições democráticas, esperanças e desencantos, vividos por um homem que também parece de um outro tempo, no qual a palavra dos homens pesava e bastava.

25 de Julho de 2014 às 10:15
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Alto, olhos semicerrados, gesto cordial, sorriso adiado, vulto distante. Havia-me cruzado com ele apenas duas vezes. A história da sua vida soava-me a lenda. Almoçámos finalmente nesta Primavera. Filetes de peixe-espada com banana frita e molho de maracujá, à moda da Madeira que, por pouco, não o viu nascer, mas que serve bem de metáfora à firmeza dócil que, com a proximidade, se lhe descobre - ou permite que se revele. Fala do pai "extraordinário" cuja ambição de estudar Direito é a causa próxima de ser o único dos seis filhos nascidos no Continente, na rural Paço d'Arcos dos anos 30, o que lhe valeu a alcunha de "saloio" dos irmãos. Fala com carinho e saudade da "Nicha" que conheceu em menino, com quem casou em 1957 e que o deixou viúvo em 2011, com cinco filhos e nove netos. Fala do curso de Direito em Lisboa, da amizade por Sá Carneiro, do país e da desordem que persiste há mais de um século. Faz uma pausa na Revolução, no seu longo e pouco narrado capítulo de arbitrariedades que, para ele, como para tantos como ele, se traduziu, na prática, em ordem de expulsão. Fala fluido como quem folheia livros de História, nos quais consome cada vez mais o seu Presente.

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