A sugestão partiu da filha, que já vivia no Porto. Francesco Camilleri estava reformado, mas continuava a trabalhar como advogado, em Bari, na costa do Adriático, a segunda maior cidade do Sul de Itália. Nunca pensara emigrar, tão pouco estava bem informado sobre as leis portuguesas. Só que a oportunidade que Adriana lhe apresentava era por demais tentadora: mudar-se para Portugal permitir-lhe-ia beneficiar de uma isenção total de impostos sobre a pensão de reforma durante dez anos - e sem o obrigar a virar totalmente costas à vida em Itália. Bastava-lhe o estatuto de "residente não habitual", ou seja, ter uma morada no país e ficar por cá mais de seis meses, 183 dias por ano.