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João Lourenço: "As mulheres resolviam isto"

Tem de haver um despertar qualquer. Só espero que não seja pela violência, mas tem de haver. Há pessoas boas que, acima das ideologias, podem mexer nisto. João Lourenço, senhor do teatro, tem esperança. No país, no teatro, no seu Teatro Aberto. "O Preço", de Arthur Miller, estreia na próxima semana.

Bruno Simão/Negócios
21 de Junho de 2013 às 08:00
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Toda a gente diz que esteve no Carmo, mas ele, João Lourenço, esteve mesmo no Carmo. Ou melhor, na Rua António Maria Cardoso. Ele e o amigo Mário Viegas. "O Mário, muito maluco, arrastou-me para a porta da PIDE, fomos pelo São Carlos, subimos as escadinhas até lá chegarmos. Fomos, fomos, fomos e, de repente, abre-se a janela, rajadas de metralhadoras cá para baixo, pessoas caíam, umas com as balas, outras escorregavam, estava uma chuva miudinha. Colocámos uma senhora ferida num Fiat 850, havia alguns mortos pelo chão, mortos que eles varreram. Isto foi algo muito forte, a que eu e o Mário assistimos, mas não se fala disso, as pessoas tentam apagar. E, por isso, o Mário queria sempre aquela placa limpa, aquela com o nome das pessoas, ele sabia que podia estar lá". Uma ideia menos romântica do 25 de Abril, ainda que permaneça como história de fadas. O encantamento durou seis dias, diz. Do 25 de Abril ao 1º de Maio. O 1º de Maio foi o primeiro desencanto. Com as ideias que mudam depressa demais. Hoje, João Lourenço, 68 anos, está preocupado. Com o País, com o teatro, com o seu teatro. O Teatro Aberto, casa com 30 anos, pode fechar. Mas ainda não. "O Preço", de Arthur Miller, estreia dia 28. Uma peça que fala no preço das relações, no preço de não agarrarmos as coisas na altura, no preço de baixarmos os braços. No preço da vida. Ele explica.

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