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Os portugueses ofendem-se pouco

Dá nome ao Centro Internacional das Artes José de Guimarães, criado para a Capital Europeia da Cultura, e é presidente da Sociedade Portuguesa de Belas Artes. Uma espécie de desvio institucional deste nómada de vocação.

Negócios 06 de Dezembro de 2013 às 10:04
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É uma espécie de “nómada transcultural”, um caça-mundos, move-se por aí. Pelas rotas de antigos navegadores portugueses. Pela leitura de Camões. Pela identidade portuguesa. Vive entre Paris, Lisboa e o mundo. Recupera mestiçagens culturais, inspira-se nelas para construir a sua linguagem. A primeira grande descoberta começou em África, onde poucos sabiam que ele era ele. O artista plástico José de Guimarães chama-se José Maria Fernandes Marques, tem 74 anos e, em terras africanas, era capitão engenheiro de telecomunicações. Descobriu um mundo que não era o seu. Estudou a arte africana, as manifestações sócio-religiosas e mágico-religiosas das populações. E daí nasceu o seu “Alfabeto Africano”. Foi por lá que produziu o manifesto político “Arte Perturbadora”. “Se arte não ajudar a melhorar a vida espiritual das pessoas, então quase pergunto para que serve”. As terras asiáticas vieram no final dos anos oitenta. Teceu a escultura “O Falcão”, no Parque Olímpico de Seul, na Coreia do Seul. Passou uns tempos no mosteiro budista de Himeji, no Japão, e lá aprendeu a construir papagaios de papel segundo a tradição japonesa. Mais tarde, redesenhou a cidade de Kushiro. Um dia, este salta-mundos, ficou cansado. E depois deslumbrado. Descobriu o imenso México. Na China, esteve patente, até dia 21 de Novembro, a sua exposição “Metropolis – Cities and Citizenso”, no novo Suzhou Jinji Lake Art Museum, que descreve a obra de Guimarães como “uma magnificente osmose entre culturas”. Em 1990 recebe, do Presidente da República Mário Soares, o Grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. É autor do logotipo desenhado em 1993 para o então ICEP. Nele surge uma figura humana estilizada, com as cores da bandeira nacional, a caminhar sobre as ondas do mar. Portugal, apesar de tudo, continua a ser, para este “artista transcultural”, uma fonte de inspiração, não uma fonte de realização. Diz, dos portugueses, que são demasiado pacíficos mentalmente, que se ofendem pouco, que deveriam irritar-se mais.

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