Taxa de pobreza recua pelo terceiro ano consecutivo. Desigualdade também diminuiu
A taxa de pobreza em Portugal indica que 15,4% dos portugueses viviam em 2024 com rendimentos até 8.679 euros anuais. Idosos foram o grupo em que a redução da taxa de pobreza foi mais expressiva.
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A taxa de pobreza em Portugal recuou no ano passado para 15,4%, uma diminuição de 1,2 pontos percentuais face a 2023, indicam os dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, divulgados esta quinta-feira, 11 de dezembro, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Os idosos foram o grupo etário que mais sentiu a redução. A desigualdade também recuou em 2024, com o Coeficiente de Gini a registar um valor de 30,9%.
"Os resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (EU-SILC) realizado em 2025 sobre rendimentos do ano anterior indicam que 15,4% dos residentes estavam em risco de pobreza, menos 1,2 p.p. do que em 2023 (16,6%)", refere o INE.
Recorde-se que a taxa de risco de pobreza corresponde a 60% da mediana dos rendimentos. Assim, mais de 1,6 milhões de residentes em Portugal estavam nesta condição. "A taxa de risco de pobreza em 2024 correspondia à proporção de habitantes com rendimentos monetários líquidos anuais por adulto equivalente inferiores a 8.679 euros (723 euros por mês)", lê-se no destaque publicado pela autoridade estatística.
"Este limiar, ou linha de pobreza relativa, corresponde a 60% da mediana (14.465 euros) da distribuição dos rendimentos monetários líquidos equivalentes, que registou um crescimento de 14% em relação ao ano anterior (12.646 euros). Em 2024, existiam 1.660 milhares de residentes em risco de pobreza, menos 101 milhares do que no ano anterior (1.761 milhares de pessoas em 2023)."
A média de rendimentos por adulto equivalente aumentou 13,8% no ano passado, comparando com 2023 o que corresponde a mais de 2 mil euros anuais . passou de 14.951 euros para 17.019 em 2024. Mas este valor esconde grandes diferenças quando se analisa a distribuição por percentil de rendimento. "A distribuição do rendimento monetário líquido por adulto equivalente em 2024 era, como esperado, assimétrica positiva", assinala o INE, referindo que "a média era superior à mediana e o coeficiente de assimetria era 0,17, o que traduz uma concentração em torno dos valores mais baixos." De recordar que o limiar de pobreza foi de 8.679 euros anuais.
Tendo em conta os resultados mais recentes da União Europeia a 27, "a taxa de risco de pobreza em Portugal (16,6%) situava-se 0,4 p.p. acima da média europeia (16,2%) em 2023, sendo inferior à observada noutros países do sul como, por exemplo, a Espanha, a Grécia e a Itália", indica o INE.
Redução maior entre os idosos
Os dados do inquérito às condições de vida permitem, por outro lado, desagregar os dados por grupos etários e género. Os dados mostram que "entre 2023 e 2024, a diminuição da pobreza foi extensível a todos os grupos etários, mas de forma mais acentuada para a população idosa (menos 3,3 p.p.), e a ambos os sexos (menos 0,9 p.p. nos homens e menos 1,3 p.p. nas mulheres)."
Com efeito, a autoridade estatística revela que "a população reformada registou uma redução da pobreza relativa entre 2023 e 2024, de 19,6% para 16,4% (menos 3,2 p.p.)", acima da diminuição global.
Olhando para a condição perante o trabalho, os dados indicam que "o risco de pobreza diminuiu, quer para a população empregada, de 9,2% em 2023 para 8,6% em 2024, quer para a população desempregada, de 44,3% em 2023 para 42,6% em 2024.
Alentejo tem maior aumento da pobreza. Açores maior redução
Por regiões, o inquérito permite verificar que no ano passado, e considerando o limiar de pobreza nacional, a "Grande Lisboa era a região com o risco de pobreza mais baixo (12,2%). O Algarve também registou um risco de pobreza inferior à média nacional (15,1%)", no entanto, no Alentejo, nos Açores e na região Oeste e Vale do Tejo, "a incidência da pobreza foi superior a 17%."
De facto, "entre 2023 e 2024, o risco de pobreza apenas aumentou nas regiões do Alentejo, Oeste e Vale do Tejo e Centro, tendo registado a maior redução" nos Açores.
Notícia atualizada às 11:30 com mais dados
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