Susana de Sousa Dias e Ansgar Schaefer: “As crianças estão sempre à margem da História”
Portugal acolheu entre 4.500 e 5.500 crianças austríacas a seguir à Segunda Guerra Mundial. Chegaram em silêncio, sem fala. Vieram de comboio e de barco, muitas vezes no meio de tempestades. Ainda não sabiam português e já cantavam “Nossa Senhora Estrela do Mar, ó Maria, salvai-nos”. “Viagem ao Sol”, um filme Susana de Sousa Dias e Ansgar Schaefer, é também um retrato sobre o Portugal de Salazar.
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Portugal acolheu entre 4.500 e 5.500 crianças austríacas a seguir à Segunda Guerra Mundial. Chegaram em silêncio, sem fala. Vieram de comboio e de barco, muitas vezes no meio de tempestades. Ainda não sabiam português e já cantavam "Nossa Senhora, Estrela do Mar, ó Maria, salvai-nos". Conheceram o Portugal de Salazar, testemunharam contrastes que não sabiam explicar. A realizadora Susana de Sousa Dias e o investigador e produtor Ansgar Schaefer resgatam a voz destas crianças no documentário "Viagem ao Sol", um filme que vai ao passado não tanto para ver o que passou, mas sobretudo para perceber o que é que do passado chega ao presente e o que é que isso nos pode dizer sobre a construção do futuro. O trabalho estabelece múltiplas ressonâncias com a Europa e com o Portugal dos dias de hoje. "Não podemos permitir que haja retrocessos", alerta Susana de Sousa Dias, autora de documentários como "Natureza Morta: Visages d’une Dictature", "48" e "Luz Obscura", reflexões sobre um tempo que passou mas que pode voltar.
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