A última fronteira da vida
Em “M Train”, Patti Smith não fala muito de música. Discorre sobre a escrita, recupera muitas memórias do passado, coloca-nos defronte dos pequenos pormenores que fazem da existência algo único.
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Quando, há alguns meses, Patti Smith deu um memorável concerto de rock e rebelião em Lisboa, comemorando as quatro décadas do seu álbum "Horses", não poderíamos imaginar que se há algo que está praticamente ausente deste seu livro "M Train" é a música. Lendo o livro, parece claro: Patti Smith sempre quis ser escritora, desde que chegou a Nova Iorque. Acabou por se dedicar ao rock, mas aí a poesia foi a sua linha de contacto. Juntando tudo, acabou por se tornar numa diva enorme, quase renascentista. Mas, como ela própria o afirma, quando não está em palco, onde é obviamente uma excepcional "performer" (volto a lembrar como ela cantou "people have the power" em Lisboa), Smith gosta de estar a ler ou a fotografar. Grande parte do universo melancólico deste livro acaba por estar estabelecido por esta longa vivência. A sensação de cerca de 70 anos de vida, onde há múltiplas memórias, está reflectida aqui.
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