Das reservas naturais às madeiras seleccionadas
Nos últimos anos, aumentou o número de empresas que associam o seu nome, o seu dinheiro e a sua actividade no terreno a acções concretas de protecção de biodiversidade. A iniciativa da presidência portuguesa da União Europeia, Business and Biodiversity...
BES Uma aposta nas reservas naturais
Na Herdade da Poupa, situada no Parque Natural do Tejo Internacional-Beira Baixa, a àguia-imperial, a cegonha-preta e a lontra são rainhas. É sobre estas três espécies que está o foco de preservação numa iniciativa apoiada pelo Banco Espírito Santo (BES) num espaço que, em 2007, foi distinguido com o prémio de melhor propriedade europeia. A Herdade da Poupa está integrada na Rede Natura 2000, que tem em vista a preservação de espécies em perigo, a reflorestação de áreas naturais e a preservação dos habitats com espécies autóctones da flora da região. O apoio do BES possibilitou já a manutenção do montado de azinho e a vegetação necessária para a alimentação das espécies da herdade.
Em Trás-os-Montes, a Reserva da Faia Brava é também palco de uma intervenção ao nível da preservação de espécies.
O projecto conta com a parceria da Associação Transumância e Natureza e envolve a gestão de habitats naturais em áreas prioritárias para a conservação da natureza. Foram, neste âmbito, adquiridas parcelas de terreno importantes para aves rupícolas, como a águia-real, a águia de Bonelli, os abutres do Egipto, o grifo e a cegonha-preta.
O azeite biológico comercializado pela reserva é uma bandeira da biodiversidade enquanto oportunidade de negócio.
O BES é também o mecenas exclusivo do Centro Ecológico Educativo do Paul de Tornada, do GEOTA .
Ideias Revistas
EDP Prioridade à recriação dos habitats naturais
Construir uma barragem hidroeléctrica é uma aposta no desenvolvimento, mas tem uma factura em impacto ambiental. Com a inundação de terrenos e a alteração dos caudais, as espécies migradoras de peixes são normalmente as mais afectadas, mas todo o ecossistema se ressente.
A EDP procura saldar esta factura com planos de compensação e minimização dos efeitos decorrentes das obras. No caso concreto da barragem no Baixo Sabor, em Trás-os-Montes, a empresa irá proceder à recriação dos diversos habitats que a barragem irá consumir. Isto implica a criação de áreas de protecção dos animais afectados, como os lobos, águias, cegonhas-pretas, lontras e morcegos, assim como de várias espécies vegetais, como é o caso do zimbro e do buxo.
À Barragem do Baixo Sabor, com uma potência instalada de 170 MW, são apontadas vantagens que ultrapassam a geração de energia eléctrica. Como sejam a criação de uma reserva de água de emergência no Douro, a melhoria do controlo das cheias e a redução das emissões de CO2, evitando 5% das emissões do sector energético em Portugal.
Na frente da preservação ambiental, o projecto contempla outras medidas compensatórias, como acções de investigação e recuperação, envolvendo várias espécies de fauna e flora, com monitorização prevista para o período de vida útil do aproveitamento e uma cobertura territorial que pode chegar aos 140km de raio de envolvência.
Ideias Revistas
Portucel A guardião da águia de BonelliGrande parte do património florestal do grupo Portucel são áreas de alto valor de conservação, como foi determinado no âmbito da parceria estabelecida com a World Wide Fund For Nature (WWF), pela diversidade, abundância, interacções entre espécies e ecossistemas e preservação de valores culturais. A Portucel é subscritora do Countdown 2010, uma iniciativa internacional desenvolvida no seio da International Union for Conservation of Nature, que visa travar a perda de biodiversidade no planeta, e adoptou a filosofia de gestão Business and Biodiversity, celebrando um protocolo com o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade.
O grupo promove a gestão responsável de cerca de 120 mil hectares de floresta, sendo a conservação da biodiversidade um aspecto central na gestão florestal.
É neste âmbito que se insere a protecção da águia de Bonelli, ave de rapina classificada como ameaçada em território nacional. A sua protecção foi considerada "um caso exemplar a nível europeu no domínio da preservação da biodiversidade", segundo fonte oficial da empresa. Esta é uma parceria com o Centro de Estudos da Avifauna Ibérica - CEAI.
O ano de 2009 também foi marcado pelos progressos na monitorização da biodiversidade existente nas florestas do grupo, em espécies e habitats.
ANA A grande defensora das avesA ANA-Aeroportos de Portugal, é a empresa responsável pela gestão e desenvolvimento dos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e dos Açores.
A gestão da biodiversidade no contexto aeroportuário surge associada essencialmente aos aspectos relacionados com a avifauna. Se por um lado existe uma crescente preocupação com a preservação dos habitats, não menos importante é a segurança aeronáutica e a possibilidade de eventuais colisões de pássaros com aeronaves (designadas birdstrikes), as quais podem causar graves danos materiais e humanos, incluindo a perda de vidas, bem como a morte das aves atingidas.
Além das medidas de minimização de impactos na biodiversidade que já se encontram implementadas - gestão de habitats, aplicação de técnicas de espantamento de aves e introdução de medidas de monitorização e controlo -, a ANA tem contribuído para a conservação da biodiversidade com várias acções concretas. Em Faro, por exemplo, realizou um estudo sobre colisões com aves, a avifauna local e a sua gestão, e está a realizar um segundo estudo sobre a caracterização hidrogeológica do aeroporto algarvio. No Porto, participou no programa de reflorestação com espécies autóctones de uma zona ardida na Trofa. Em Março de 2008, estabeleceu um protocolo com o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), propondo-se financiar, durante três anos, os Centros de Recuperação de Aves da Ria Formosa e da Serra da Estrela. O apoio soma 80 mil euros, divididos pelos dois centros.
altri Respeito total pela floresta
Grupos industriais com forte integração vertical, como acontece no sector da pasta e do papel com a Altri, exploram vastos espaços ambientais, não apenas na componente directamente relacionada com o negócio, neste caso as árvores e a floresta, mas em todo o ecossistema, incluindo cursos de água e espécies residentes. Uma das medidas mais eficazes de preservação do equilíbrio ambiental passa pela plantação de florestas especificamente com fins industriais, o que previne a utilização das florestas naturais com o objectivo de abastecimento de madeiras. Daí que na Altri uma das âncoras da estratégia de biodiversidade seja precisamente a selecção criteriosa da origem da madeira, com o objectivo de minimizar ou eliminar o risco de fornecimentos provenientes de fontes que violem as regras do Forest Stewardship Council.
Nas áreas sob exploração directa foram identificados espaços de alto valor de conservação e biodiversidade, bem como locais com um elevado potencial para restauro ecológico. Aqui o objectivo é implementar uma gestão sob o primado da preservação ambiental nos 10 mil hectares do património florestal gerido pela empresa associada Silvicaima.
Este compromisso materializou-se na assinatura do protocolo Business and Biodiversity entre a Altri e o Instituto para a Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB).
Ideias Revistas
Mais lidas