Blackrock acredita que "pode estar próxima" uma solução para a disputa entre a Grécia e os credores
A Grécia poderá chegar em breve a acordo com a Europa sobre a reestruturação da sua dívida. Depois de Atenas ter metido marcha atrás no seu plano inicial, a BlackRock, a maior gestora de activos do mundo, acredita que é possível as negociações chegarem a bom porto.
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"A solução para a disputa entre o novo Governo grego e os seus parceiros europeus pode estar próxima", disse Michael Krauztberger da BlackRock esta terça-feira, 3 de Fevereiro, citado pelo jornal espanhol Expansíon.
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Inicialmente, o novo Governo grego pretendia que os países europeus perdoassem pelo menos metade dos mais de 200 mil milhões de euros de empréstimos concedidos nos últimos cinco anos.
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Agora, Atenas pretende que o ritmo do reembolso dessa dívida passe a ser indexado à taxa de crescimento nominal da economia grega. Isto é, a Grécia só pagaria aos seus credores se a economia estiver a crescer.
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Isto mesmo foi avançado pelo ministro grego das Finanças ao Financial Times na segunda-feira. Foi também ontem que Yanis Varoufakis se reuniu com o seu homólogo britânico, George Osborne. Mais tarde, encontrou-se com investidores na City de Londres, um dos maiores centros financeiros mundiais. No que pode ser interpretado como um piscar de olho de Atenas à alta finança mundial.
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Michael Krautzberger sublinhou que "apesar de não conhecer os detalhes do plano, parece que existem pontos comum entre o que exigem os credores", afirmou, num encontro com jornalistas em Londres.
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"No lugar de um perdão sobre o valor nominal da dívida, corte que não seria aceite, chega-se a um compromisso para alargar os prazos e flexibilizar os juros", apontou, considerando que existe "terreno comum" para as duas partes chegarem a um compromisso.
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Desta forma, "o cenário mais provável é um acordo sobre essas linhas, o que reduz o risco de saída da Grécia do euro apesar de haver volatilidade no mercado até que se concretize esta solução".
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Actualmente, o valor nominal da dívida grega ascende a 315 mil milhões de euros, dos quais 240 mil milhões estão nas mãos da troika de credores internacionais - Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e União Europeia.
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Acima de tudo, o volte face grego ajudou a diminuir o "nível de ruído que existia", tanto da parte da Grécia como da parte dos parceiros europeus, desde a vitória do Syriza nas eleições gregas.
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Alexis Tsipras recua nas suas exigências
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Os mercados reagiram de forma positiva ao recuo da Grécia nas suas intenções. A praça de Atenas está a subir mais de 10% na sessão desta terça-feira. Já no mercado secundário de obrigações soberanas, as taxas de juro da dívida grega recuam mais de 100 pontos base nos diferentes prazos, o que corresponde à maior queda desde 2012.
A marcha atrás da Grécia para mudar foi precisamente apontada por Philipe Goudin, analista do Barclays. "Após uma semana a fazer petições muito provocadoras aos seus credores - o que aumentava o risco de incumprimento da Grécia e a saída do euro - parece que o seu Governo deu um passo atrás e vai iniciar uma negociação sensata", disse, citado pelo Expansíon.
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No entanto, o analista aponta que o "pacto não vai ser fácil" porque manter um superávit orçamental de 1-1,5%, como pretendido por Atenas, vai exigir "grandes esforços" ao Executivo de Alexis Tsipras.
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Estabilidade política em Portugal
O responsável da BlackRock acredita que o risco de contágio a outros países está contido, por o mercado diferenciar a situação da Grécia, da situação de outros países periféricos como Portugal.
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E são precisamente as obrigações portuguesas que são as preferidas da BlackRock "já que é possível que as agências de rating subam o rating este ano, e há mais estabilidade política do que em Espanha, por não terem surgido partidos populistas".
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