Bulgária prepara-se para entrar na Zona Euro na sombra de (mais) uma crise política
Desde o verão que a data está marcada: a 1 de janeiro de 2026, a Bulgária vai juntar-se ao grupo de países que utilizam o euro como moeda única, tornando-se o 21.º país da Zona Euro. Mas agora que a data se aproxima, a confiança dos búlgaros vacila, minada por uma crise política e uma campanha de desinformação russa.
Um escândalo de corrupção encheu as ruas de protestos, culminando na demissão do primeiro-ministro, Rosen Zhelyazkov, este mês - a poucas semanas da tão aguardada mudança do lev búlgaro para o euro. Zhelyazkov estava no cargo há menos de um ano, com um Governo minoritário. Agora, o país terá de ir a votos pela oitava vez desde 2021.
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O colapso de mais um Executivo foi o saldo dos maiores protestos registados nas últimas décadas - contra o orçamento para 2026, que muitos viram como injusto e motivador de aumentos de impostos, mas também, em termos mais amplos, por uma profunda insatisfação com o sistema e o que entendem ser um problema crónico de corrupção.
Este cenário de tensão política está a contagiar o abertura dos búlgaros em relação ao euro. Em junho, quando a adesão à Zona Euro foi aprovada pela Comissão Europeia, deputados do partido de extrema-direita pró-russo Renascimento reagiram de forma violenta, impedindo mesmo o acesso ao pódio da Assembleia Nacional da Bulgária - quando outros deputados, de outros partidos, tentaram desbloquear o acesso, foram empurrados e gerou-se um confronto físico.
Para lá de posições partidárias mais acessas, muitos búlgaros receiam que o euro vá fazer subir os preços, num país onde o salário médio é de cerca de 1.200 euros. Um inquérito recente do Ministério das Finanças, citado pelo Guardian, indica de 51% dos cidadãos estão a favor da adoção da moeda única, 45% estão contra.
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Em Bruxelas, a expectativa é que o euro dê força à economia da Bulgária, um dos países mais pobres da União Europeia. Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, afirmou que com o euro, o país terá mais comércio, mais investimento e mais "empregos de qualidade e redimentos reais". A entrada na Zona Euro é também vista como uma forma de reforçar o percurso pró-Ocidente da Bulgária, numa altura em que a ofensiva russa na Ucrânia gerou incerteza e tensão geopolítica.
Sem surpresa, há dados que indicam que a Rússia tem tentado interferir no processo. Campanhas das redes sociais, levadas a cabo por uma rede russa, têm tentado minar o apoio ao euro e espalhar desinformação. Questionado sobre a influência russa na opinião pública no que toca ao euro, comissário europeu para a economia Valdis Dombrovskis não hesitou em dizer que "não é segredo" que a Rússia está a levar a cabo uma guerra híbrida contra a Europa. "Trata-se de provocações, atos de sabotagem, violação do espaço aéreo europeu, interferência nos processos políticos da União Europeia e também de outros países, além da disseminação de desinformação, afirmou.
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