Governo admite antecipar mais pagamentos ao FMI até Dezembro
O secretário de Estado Adjunto e das Finanças admitiu que a subida do rating por parte da Standard & Poor’s (S&P) torna "mais provável que se antecipem mais pagamentos ao FMI" até ao final deste ano, dizendo "crer que será possível antecipar" cerca de mil milhões de euros. "Penso que é um valor que pode ser feito", resumiu Ricardo Mourinho Félix.
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Numa entrevista ao jornal digital Eco, o membro da equipa das Finanças valorizou que o "upgrade" da agência de notação, que tirou o rating de Portugal do "lixo", vai ter "consequências extraordinariamente importantes do ponto de vista da materialização do apetite que os investidores têm pela dívida portuguesa nos ‘road shows’ que [tem] vindo a fazer e que [faz] regularmente com o IGCP"
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Recusando entrar no aceso debate partidário sobre os méritos do anterior e do actual Governo nesta decisão surpreendente da S&P – "essa é uma discussão muito pequenina, o que se passou é muito mais importante do que qualquer discussão desse tipo" –, Mourinho Félix insistiu antes numa tecla que tinha sido tocada horas antes por Mário Centeno: a de que "estamos com um nível de dívida alto", ainda que se antecipe que vá "dar um trambolhão" após o reembolso de uma Obrigação do Tesouro de seis mil milhões de euros com maturidade em Outubro.
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Em plena discussão da proposta do Orçamento do Estado para 2018, o secretário de Estado sustentou que este "upgrade" não irá atrapalhar as negociações com os partidos à esquerda do PS, notando que "do ponto de vista do Orçamento temos de manter a linha que temos tido, nomeadamente a consolidação orçamental numa base de ganhos de eficiência, uma linha de crescimento económico que não promova desequilíbrios externos".
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Improvável foi como implicitamente classificou a hipótese de reservar mais do que os previstos 200 milhões de euros para desagravar o IRS – "se decidirmos politicamente ir além desses 200 milhões, há algo que vai ter de deixar de ser feito" –, assim como a possibilidade de superar a meta de 1,5% no défice deste ano devido aos resultados melhores do que os esperados na frente económica. "Estamos focados em cumprir esse objectivo, não temos nenhuma obsessão em ir além dos objectivos", acrescentou.
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Questionado na mesma entrevista ao Eco sobre se seria útil para Portugal que Centeno viesse a ocupar a presidência do Eurogrupo, Ricardo Mourinho Félix respondeu que, "depois do trabalho que foi feito, tem todas as condições para o cargo, caso essa questão seja posta, caso o deseje e caso seja útil ao Eurogrupo e à Europa".
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"Era muito importante ter alguém, por um lado, com um curriculum, enquanto ministro das Finanças, de recuperação de uma economia que vinha de condições extremamente difíceis e que entende aquilo que são as dificuldades de um conjunto de países que entraram numa união monetária em condições de desvantagem face aos outros países do ponto de vista estrutural e que estão a fazer uma convergência", justificou.
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