FMI antecipa condições mais difíceis para os países emergentes em 2016
Numa entrevista de final de ano concedida ao próprio Fundo Monetário Internacional (FMI), o economista-chefe do Fundo, Maury Obstfeld, olhou para o ano transacto e apontou os desafios e obstáculos que 2016 deverá apresentar ao crescimento da economia global.
PUB
Desde logo, para o sucessor de Olivier Blanchard, em 2015 os países emergentes continuaram a abrandar, excepção feita à Índia, devido "à queda dos preços das ‘commodities’ e a condições financeiras mais apertadas". Quanto aos Estados Unidos, notou que "a economia norte-americana prosseguiu o seu crescimento sólido e a criação de emprego, enquanto a Europa, de forma genérica, acelerou".
PUB
Obstfeld lembra que a baixa taxa de crescimento chinesa, que resultou na diminuição das importações e numa menor procura de matérias-primas, teve um impacto "muito mais abrangente" do que inicialmente antecipado. Assim, para 2016, o economista-chefe do FMI aponta como determinante a capacidade de a China inverter a tendência de abrandamento económico, isto numa conjuntura de transição de uma economia assente no investimento e na produção industrial para uma economia de consumo e serviços.
PUB
Este economista antecipa que um crescimento abaixo das metas definidas poderá continuar a "assustar os mercados financeiros globais", fazendo com que "os mercados emergentes [voltem a] estar no centro das atenções".
PUB
Não obstante as políticas acomodatícias seguidas pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo banco central do Japão, o economista-chefe do FMI antecipa uma "susceptibilidade" para se verificar "maior volatilidade" nos mercados financeiros em 2016. De vital importância nos meses que se seguem será verificar como irão os mercados acomodar-se e reagir às prováveis novas subidas da taxa de juro directora nos Estados Unidos, refere Obstfeld.
PUB
"Mas não há dúvida de que as condições financeiras globais estão a estreitar-se, com os mercados emergentes e em desenvolvimento especialmente sensíveis aos efeitos [decorrentes], e a outros infortúnios", acrescenta Maury Obstfeld.
PUB
Em 2016 permanecerá ainda como questão vital perceber se o crescimento pode ser mais inclusivo, defende o economista-chefe do FMI que destaca ainda como "urgente" assegurar uma melhor integração do sistema financeiro nos quadros políticos existentes.
PUB
Maury Obstfeld salientou também que as tensões geopolíticas, sentidas em 2015, poderão ser determinantes para os resultados macroeconómicos globais e regionais de 2016. Nesse sentido, outro desafio patente em 2015 mas que continuará presente em 2016, passa pela crise dos refugiados e pela capacidade das economias europeias para absorverem essa mão-de-obra. Obstfeld lembra que a crise na Ucrânia, a situação na Grécia ou os independentismos em Espanha, serão temas a marcar o novo ano.
Saber mais sobre...
Saber mais FMI Maury Obstfeld Olivier Blanchard Estados Unidos Europa China BCE Japão Países Emergentes Mercados FinanceirosMais lidas
O Negócios recomenda