Maiores economias do euro dão sinais de abrandamento em agosto
Índice de gestores de compras aponta contudo para ligeira melhoria da atividade no conjunto do bloco da moeda única e sugere subidas nas carteiras de encomendas da indústria.
A atividade das principais economias da Zona Euro deverá ter abrandado em agosto, com o índice de gestores de compras (PMI) relativo a este último mês a apontar nesta quarta-feira para a manutenção das dificuldades do bloco da moeda única em sair do quadro de estagnação continuada ao longo do terceiro trimestre.
De acordo com a publicação, patrocinada pelo Banco Comercial de Hamburgo (HCOB) e compilada pela S&P Global, o PMI compósito da Zona Euro teve em agosto uma ligeira subida, de 50,9 para 51 pontos, passando ao melhor registo no período de um ano. Contudo, a leitura deste indicador avançado da atividade económica inclui uma nova queda setorial nos serviços, para um mínimo de dois meses (50,5 pontos), ao mesmo tempo que os dados detalhados das principais economias do euro sinalizam abrandamento.
França, novamente a atravessar um período de crise política atribulado e com finanças públicas fortemente deterioradas, regista o pior desempenho. O índice PMI francês mantém-se estagnado nos 49,8 pontos. Já a Alemanha, a maior economia do euro, vê novamente o índice de gestores de compras compósito nacional recuar de 50,9 para 50,5 pontos, num mínimo de dois meses, penalizada pelo andamento do setor dos serviços.
Por outro lado, Espanha, que é a economia atualmente mais veloz no bloco e aquela de que Portugal é mais dependente, surge a abrandar também no mês de agosto, para 53,7 pontos, igualmente num mínimo de dois meses.
Em sentido oposto, a Itália surge a registar melhorias, com o índice PMI a passar aos 51,7 pontos e a um máximo de três meses.
Os dados detalhados do índice refletem, para o conjunto do euro, melhorias na atividade industrial, suportados por subidas nas carteiras de encomendas com origem doméstica num mês marcado pelo novo acordo tarifário entre Estados Unidos e União Europeia, que se traduz agora em sobretaxas aduaneiras de 15% quase transversais para as exportações destino a território norte-americano. Já o PMI setorial dos serviços aponta no sentido da estagnação, embora nestas atividades se mantenham os sinais de subida do emprego, com as empresas inquiridas a darem conta de um aumento nos recrutamentos.
A leitura morna do indicador global mostra, assim, que a recuperação poderá persistir fora do alcance da economia da Zona Euro no terceiro trimestre, após o um crescimento em cadeia de 0,1% no segundo trimestre. No trimestre inaugural de 2025, o PIB da Zona Euro teve uma expansão de 0,6%, mas sustentada pela antecipação de encomendas dos EUA devido à promessa de subidas tarifárias da Administração de Donald Trump.
"Andar de bicicleta demasiado devagar pode fazer-nos cair. É este o risco que a Zona Euro enfrenta. Sim, a economia está a crescer desde o início do ano, mas o ritmo é dolorosamente lento", refere Cyrus de la Rubia, economista-chefe do HCOB, num comentário incluído na divulgação dos dados do índice.
Nesta nova leitura, o economista admite também dificuldades do Banco Central Europeu em antecipar o que poderá suceder com o movimento dos preços na reunião de política monetária da próxima semana. "Por um lado, a subida de custos nos fatores de produção aponta para maiores pressões inflacionistas. Por outro lado, a inflação a nível das vendas mal se mexeu, sugerindo que os fornecedores de serviços estão a ter dificuldades em passar os custos mais elevados para os consumidores na totalidade. A subida de custos significa, contudo, que as pressões inflacionistas estão a formar-se abaixo da superfície", diz.
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