"Sem imigração, a economia não cresce", avisa Centeno
Governador do BdP alerta também para a necessidade de assegurar estabilidade política e manutenção de equilíbrios macroeconómicos.
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O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, alertou nesta sexta-feira para a dependência da economia portuguesa de novas entradas líquidas de imigração, apontando este como um dos fatores necessários para garantir a sustentabilidade do crescimento do PIB.
Em conferência de imprensa após a apresentação do Boletim Económico de junho do Banco de Portugal (BdP), na qual a instituição reviu em baixa as previsões de crescimento e manteve a previsão de défices públicos continuados para os próximos anos, o governador deixou uma série de avisos quanto às condições necessárias para o crescimento do PIB, avisando que "sem imigração, a economia não cresce".
“A sustentabilidade da trajetória de crescimento está assente nos seguintes parâmetros: na possibilidade de prolongar o ciclo de imigração. Parar o ciclo de imigração significa parar o crescimento económico em Portugal. Que ninguém tenha dúvidas sobre isto”, afirmou, num momento após o último Executivo de Luís Montenegro ter já restringido algumas tipologias de atribuição de visto e, já após a tomada de posse de novo Governo, ter indicado que pretende também maiores limitações à atribuição de nacionalidade.
"Nada do que se está a passar de positivo na economia aconteceria se não fosse o inestimável contributo da imigração para a nossa sociedade”, defendeu, assinalando, apesar dos alertas, que “as entradas líquidas de imigração têm-se mantido positivas”. De resto, com os saldos migratórios em terreno positivo desde 2017.
Na intervenção na apresentação do boletim - que poderá ser a última, caso no próximo mês o mandato à frente do BdP não seja renovado pelo ministro dos Finanças, Miranda Sarmento - Centeno destacou a diversidade de qualificações dos imigrantes que chegam ao país, adequadas aos setores da economia, e também que "a participação dos trabalhadores nacionais nos setores que pagam abaixo do salário médio reduziu-se", fatores que têm contribuído para o desenvolvimento da procura interna.
Já do lado dos mercados externos, os próximos anos trarão um contributo menor. “Não devemos esperar muito dessa dimensão”, defendeu.
Por outro lado, e após os últimos curtos ciclos de governação, Mário Centeno defendeu que “é necessário preservar as estabilidades internas". "Desde logo, a institucional, aquela que responde pelas escolhas coletivas, e que deve ter em conta – talvez com excesso de pouca modéstia – todos os números que nós hoje apresentamos”.
Há ainda que preservar a estabilidade financeira, com o governador a salientar a saída do país dos alertas por desequilíbrios macroeconómicos devido a fatores como a redução da dívida pública e da dívida privada, além de uma melhoria na posição externa de investimento. “Colocar em causa estes indicadores é colocar em causa a estabilidade do sistema, no curto, mas seguramente no médio prazo”, afirmou.
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