Centeno fala em plano de recuperação económica com “doze zeros”
Depois de fechado o plano de emergência de cerca de 500 mil milhões de euros no Eurogrupo, vem aí um plano de recuperação económica de biliões de euros. "As nossas calculadoras dos telemóveis não dão para introduzir esses números. Só calculadoras científicas conseguem lidar com doze zeros", antecipa Mário Centeno.
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Em entrevista ao Público enquanto presidente do Eurogrupo, o responsável prevê que esse plano de apoio à recuperação das economias, que será discutido pelo Conselho Europeu na próxima quinta-feira, 23 de abril, deverá ter "um misto de mecanismos de apoio, em parte financiados por empréstimos com alavancagem, em parte financiados por dívida comum".
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"A minha interpretação é que esse período de recuperação se inicia assim que começarmos a reverter de forma significativa as medidas de confinamento. O que quer dizer que não temos muito tempo", frisa Centeno, mostrando-se "muito confiante e muito seguro de que essa resposta vai aparecer" e lembrando que desta vez está em causa não só a proteção ao Euro, mas ao mercado único.
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Ainda na ressaca das decisões do Eurogrupo, o ministro das Finanças reconhece que "numa primeira fase [houve] alguma hesitação", mas "quando foi necessário começar a construir soluções, elas apareceram, não só com rapidez, mas com uma intensidade sem paralelo em nenhuma crise anterior". E compara até com a crise de 2008/2009, em que levou "mais de quatro anos, com uma crise das dívidas soberanas pelo meio, até começar a encontrar um caminho que pudesse fazer algum sentido".
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Ora, nesta resposta orçamental dos Estados-membros que soma mais de 500 mil milhões de euros, o equivalente a 3% do PIB da União Europeia, uma das principais medidas é a utilização do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) como rede de segurança, tornando a linha de crédito "acessível a todos, sem as sem as pré-condições de acesso", para despesas diretas ou indiretas com a saúde.
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"[É para] tratamento e prevenção, o que tem uma latitude interpretativa suficiente para que todos os Estados tenham uma rede de segurança. É para isso que aquele dinheiro serve – para evitar que os Estados percam acesso ao mercado. As linhas do MEE permitem que haja uma proteção das dívidas soberanas face ao acesso ao mercado. Estamos a falar de uma rede de proteção, sem condicionalismos, sem troikas, sem programas de ajustamento, para que os Estados possam aceder a financiamento com custos equiparáveis entre todos", explicita Mário Centeno.
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