António Barreto: Portugal está em "pura deriva" há 15 anos
António Barreto revela-se muito céptico em relação ao futuro de Portugal. Diz que o país já perdeu muita da capacidade de tomar decisões sozinho e está em “pura deriva” há 15 anos.
Em entrevista à Antena 1, o membro da Academia das Ciências de Lisboa e presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos considera que o país só tem cinco anos para encontrar um rumo, até porque já perdeu muita da capacidade de tomar decisões sozinho.
“Estamos a viver há muito tempo, há tempo demais – 8, 10, 15 anos - um período de pura deriva, em que os impostos aumentam ou diminuem, as penalizações aumentam ou diminuem, não de acordo com objectivos, ideias ou projectos, mas de acordo com as necessidades do dia”, afirmou Barreto, citando como exemplo as medidas tomadas em Maio, que agora foram agravadas no Orçamento para o próximo ano.
“Com esta maneira de atacar a política fiscal não se consegue nem fazer justiça nem delinear instrumentos que permitem prosseguir uma política, porque vai buscar os impostos que precisa por causa do défice”, afirmou o sociólogo.
António Barreto acusa ainda os últimos Governos de nada terem feito para evitar a situação económica a que o país chegou, e, em abstracto, admite que os sacrifícios que são exigidos aos trabalhadores do sector público possam estender-se ao sector privado.
E adianta que Portugal está cada vez mais dependente de Bruxelas.
“As grandes decisões de investimento, de contratação, fornecimento, de autorizações, são decisões já tomadas de modo muito definitivo em Bruxelas, ou seja, na Europa”, afirmou Barreto, concluindo que “Portugal não está livre, nem o Parlamento”.
“O mais dramático disto tudo é a perda de poder do Parlamento”, afirma Barreto, acrescentando que “Portugal não tem liberdade para tomar decisões importantes, do ponto de vista económico, social e financeiro, sem autorização da União Europeia e Alemanha. Isto é assim em grande parte por culpa dos portugueses. Os últimos governos fizeram tudo o que era necessário para se colocarem nesta posição radical de dependência”.
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