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CGTP:Jornada contra o pacote laboral é "grande momento de luta"

O secretário-geral da CGTP-IN classificou hoje de "grande momento de luta" e de afirmação dos trabalhadores a jornada nacional de luta contra o pacote laboral que reuniu milhares de pessoas nos Restauradores, em Lisboa.

Milhares protestam contra o pacote laboral com a CGTP em Lisboa
Milhares protestam contra o pacote laboral com a CGTP em Lisboa ANTÓNIO COTRIM_Lusa
18:30

"Que grande ação, que grande momento de luta, que grande momento de afirmação dos trabalhadores", afirmou Tiago Oliveira, em declarações aos jornalistas nos Restauradores, em Lisboa, salientando que muitos dos milhares de pessoas presentes "estiveram também de manhã no Porto".

Numa iniciativa da CGTP, milhares de pessoas, de todas idades, incluindo crianças, jovens, pessoas com mobilidade reduzida, desfilaram ao som de bombos desde a Praça Marquês de Pombal, em Lisboa, ao longo da Avenida da Liberdade, para se concentrarem nos Restauradores, onde discursou o secretário-geral da CGTP.

"Não estamos a discutir o artigo A ou artigo B. Não estamos a discutir matérias avulso. Estamos a discutir um pacote laboral que é um autêntico retrocesso nos direitos de quem trabalha, um verdadeiro assalto aos direitos dos trabalhadores, um assalto que integra também o direito de greve", prosseguiu Tiago Oliveira.

O que "está em cima da mesa é negociar partindo duma proposta que consegue ser ainda pior do que já é hoje mau" e "isto não é avançar, isto é andar para trás", sublinhando que hoje foi dado "um primeiro sinal, um primeiro passo" e que já foi dito ao Governo que retirem a proposta sobre o pacote laboral de cima da mesa.

"Uma coisa vocês sabem, a luta é o caminho", referindo que "todas as formas de luta estão em cima da mesa", e lembrando que a CGTP propõe o aumento dos salários para todos em pelo menos 15%, num valor não inferior a 150 euros, e a fixação do Salário Mínimo Nacional nos 1.050 euros já em janeiro de 2026.

Também considerou "fundamental" reduzir o tempo de trabalho para as 35 horas semanais para todos.

Porque "merecemos uma vida melhor", rematou Tiago Oliveira, arrecandado fortes aplausos por parte dos manifestantes.

Na próxima quarta-feira, 24 de setembro, a CGTP vai reunir o Conselho Nacional, para tomar decisões.

"A luta continua nas empresas e na rua", gritaram os manifestantes, após o discurso do secretário-geral.

Anteriormente, no início do desfile, a eurodeputada do Bloco de Esquerda e candidata à presidência da República, Catarina Martins, tinha considerado que a proposta laboral "exige um sobressalto no país e exige que se compreenda a necessidade de uma luta coletiva e de uma luta abrangente, que seja de todos os trabalhadores, que possa reunir as centrais sindicais, que possa reunir movimentos cívicos".

Até porque "toda a gente sabe, quem constrói o país é quem trabalha e o que nós precisamos do nosso país e tem faltado é respeito por quem trabalha. E isso é fundamental", acrescentou.

"Ainda que algumas destas medidas mais cruéis que têm sido debatidas publicamente recuem, se não recuar o resto, na verdade, nada vale. Porque se toda a gente tiver um contrato precário e toda a gente puder ser despedida, mesmo sem justa causa, quer dizer que uma mulher quer fazer valer os seus direitos", referiu Catarina Martins, que disse esperar que "as duas maiores centrais sindicais possam estar juntas nesta luta".

"Espero também que muitos movimentos cívicos possam se juntar, porque é quem trabalha que constrói este país", concluiu.

Por sua vez, o candidato presidencial António Filipe, do PCP, que também participou na concentração, explicou a sua presença por estar solidário com os trabalhadores portugueses.

"Estão na linha da frente das minhas preocupações", acrescentou, apontando que a economia portuguesa está assente "nos baixos salários" e numa legislação laboral que não protege "minimamente" os trabalhadores.

A proposta laboral do Governo "é para muito pior", prosseguiu, salientando que o Direito do Trabalho foi criado "para proteger os trabalhadores" e não o seu contrário.

"Há todas as razões para que os trabalhadores portugueses se mobilizem contra esta proposta de alteração para pior e esta manifestação é sinal disso e eu só podia estar solidário".

Sob o mote "Mais Salários e direitos -- Outro rumo é possível!", pouco passava das 15:30 quando milhares de pessoas começaram a descer a Avenida da Liberdade, empunhando cartazes dizendo "35 horas para todos", "não ao pacote laboral", "contra a política de direita e exploração - por uma vida digna".

Com cânticos acompanhados do toque de bombos, os manifestantes gritavam "o pacote laboral é retrocesso social", "o público é de todos, não é só de alguns", "não vamos desistir, o pacote é para cair".

Representantes sindicais de várias áreas, do norte ao sul do país, marcaram presença nesta iniciativa que cerca das 17:25 ainda concentrava algumas centenas de pessoas na zona dos Restauradores.

A CGTP tem vindo a insistir que o anteprojeto do Governo representa "um verdadeiro retrocesso" nos direitos dos trabalhadores e aponta que há propostas de alteração inconstitucionais.

Na última reunião de Concertação Social, em 10 de setembro, o Governo comprometeu-se a apresentar uma nova versão do anteprojeto, "com evoluções" nas matérias relacionadas com a família e a parentalidade, segundo indicaram o secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT) e o presidente da Confederação Empresarial de Portugal.

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