IKEA de Loures abaixo do previsto um ano após abertura
Um ano depois da abertura do IKEA de Loures, a administração admite que o movimento na loja foi mais baixo do que esperado e que a crise fez com que os clientes se retraíssem no consumo.
O empreendimento comercial situado na freguesia de Frielas, numa área de 38.500 mil metros quadrados, criou cerca de 480 postos de trabalho directos e cerca de 100 indiretos, segundo a administração. A loja de mobiliário do IKEA de Loures, a maior do grupo sueco na Península Ibérica, abriu portas há um ano, representando um investimento de cerca de 70 milhões de euros.
Em declarações à agência Lusa o director da loja do IKEA de Loures, Pedro Abreu, fez "um balanço positivo" do primeiro ano de actividade, embora reconheça que o número de visitantes ficou aquém das expectativas.
"Foi um ano um pouco mais calmo do que aquilo que inicialmente tínhamos previsto, mas é normal tendo em conta o contexto de crise. Foi bastante percetível uma mudança de hábitos e de comportamentos dos clientes que agora pensam duas vezes antes de comprar um produto", justificou o responsável.
No entanto Pedro Abreu manifestou-se pouco apreensivo porque acredita que a marca sueca é capaz de dar "uma boa resposta" a um contexto económico menos favorável. "O facto de termos uma grande variedade de produtos a um preço mais reduzido é uma mais valia e ajuda muito o cliente na hora de tomar a decisão de compra", destacou, acrescentando que o IKEA procedeu também a uma redução média dos preços de venda na ordem dos 2,3%.
Uma redução de preços que terá contribuído, segundo alguns comerciantes de Loures ouvidos pela Lusa, para uma quebra no negócio devido à concorrência do IKEA. Deolinda Francisco, proprietária de uma loja de artigos de decoração, manifestou-se incapaz de competir com os preços praticados pelo IKEA.
"O negócio já estava mau, então assim piorou. As pessoas preferem o IKEA porque há mais escolha e os preços mais simpáticos. A gente bem tenta fazer promoções, mas pouco adianta", lamentou.
Também o comerciante José Filipe, proprietário de uma loja de móveis, sente-se com dificuldades em competir com o IKEA, embora sublinhe que a crise já vem de há muito.
"Isto já não vem de agora. As pessoas têm cada vez menos dinheiro e o negócio está cada vez mais difícil. Apesar disso, alguns clientes habituais que antes vinham à minha loja continuam a aparecer", apontou.
O presidente da Associação Empresarial de Comércio e Serviços dos concelhos de Loures e Odivelas, Mário Saramago, considerou que as grandes superfícies estão a "matar o pequeno comércio" e defendeu mais intervenção das autarquias.
"Não podemos negar que a abertura do IKEA trouxe impactos negativos ao pequeno comércio, mas não os podemos culpar. As câmaras de Loures e de Odivelas é que têm de procurar novas estratégias que dinamizem o comércio", defendeu.
No entender de Mário Saramago o pequeno comércio só poderá concorrer com as grandes superfícies se forem criadas melhores acessibilidades e programas de animação junto às lojas capazes de atrair os visitantes.
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