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OCDE: Economia portuguesa precisa de "muita moderação salarial"

A economia portuguesa precisa de reduzir os custos do trabalho e de muita moderação salarial, devendo o sector público estabelecer a fasquia para o resto da economia, defende a equipa da OCDE, responsável sobre Portugal.

29 de Setembro de 2010 às 08:06

"No curto prazo temos de reduzir os custos do trabalho. Precisamos de muita moderação salarial, com o sector público a estabelecer a fasquia para o resto da economia", defendeu em declarações à Agência Lusa, Álvaro Pina, um dos economistas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) responsáveis pela elaboração do último estudo económico sobre Portugal.

Os autores do relatório, que acompanharam o secretário geral da OCDE na visita a Lisboa, dizem que é essencial melhorar a competitividade da economia portuguesa, e para que isso aconteça é preciso actuar em duas dimensões: custos, essencialmente custos de trabalho, e produtividade.

No curto prazo, defendem que para reduzir os custos do trabalho tem de haver moderação salarial, sugerindo que se reduza a contribuição dos empregadores para a Segurança Social, sendo esta compensada através de um aumento dos impostos indirectos.

"Sugerimos que seja reduzida a contribuição dos empregadores para a Segurança Social, que são parte dos custos do trabalho, financiando isto através de um aumento dos impostos sobre o consumo e sobre o imobiliário, porque não se pode cortar nos impostos como um todo, se se cortar nuns, tem de se compensar noutros", defendeu Álvaro Pina.

Para aumentar a produtividade, o economista defende que é necessário implementar "reformas estruturais em vários sectores", sublinhando a Educação como uma das prioridades, e ainda no mercado laboral.

"Actualmente existe muito desemprego cíclico, e é preciso garantir que essas pessoas têm uma hipótese de regressar ao mercado de trabalho", acrescentou.

Orsetta Causa, economista chefe da OCDE responsável por Portugal e Irlanda, e uma das responsáveis pelo relatório, explica que as recomendações do grupo são para que se "vá mais longe" e que se consolidem as reformas na Educação, mas que nesta altura é essencial uma avaliação custo beneficio das reformas.

"Nós só recomendamos que se vá mais longe, que se consolide esta opção, que se faça uma avaliação custo benefício das reformas porque, obviamente, em tempos de constrangimento orçamental, temos de ter atenção a esse ponto", afirmou Orsetta Causa, em Lisboa.

"Temos várias estimativas de quanto poderia beneficiar Portugal em termos de melhorias no crescimento e da produtividade, se a sua população atingisse apenas um nível mais elevado de educação", explica, sublinhando que o próprio relatório recorda que o Governo tem sido proactivo nesta matéria e que estas questões demoram tempo. A economista chefe da OCDE considera que uma maneira de reduzir o dualismo no mercado de trabalho, "uma das fraquezas de Portugal", passa por reduzir a taxa de desistência escolar e aumentar a igualdade de oportunidades da educação, pois "parte do dualismo do mercado de trabalho é relacionado com a igualdade de oportunidades".

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