Obrigado, dr. Balsemão
Uma reportagem sobre o jornalista Urbano Carrasco permitiu-me conhecer a generosidade desinteressada de Francisco Pinto Balsemão
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As memórias que guardamos das pessoas estão relacionadas com a forma como nos tocam. A que preservo do Dr. Francisco Pinto Balsemão é a de alguém que, sem o saber, me ajudou a perseguir o sonho de ser jornalista.
Corria o ano de 1983 e o professor de Introdução ao Jornalismo do curso de Comunicação Social da Universidade Nova de Lisboa, o também saudoso Nélson Traquina, marcou um trabalho de casa, o de fazer uma reportagem sobre um tema de uma longa lista por ele preparada.
Como cheguei atrasado à aula sobrava pouca escolha. Resignado e pouco convencido escolhi fazer uma reportagem sobre Urbano Carrasco, um jornalista que então desconhecia em absoluto.
Urbano Carrasco, repórter do Diário Popular, tinha uma história profissional absolutamente fascinante como descobri mais tarde.
Para escrever a reportagem falei com uma dezena de pessoas que tinham privado com Urbano Carrasco. Uma delas foi Francisco Pinto Balsemão, que tinha trabalhado no Diário Popular, propriedade do tio.
Encontrei-o no 37 da rua Duque de Palmela, sede do Expresso, e recordo uma conversa afável durante a qual me contou uma mão cheia de histórias sobre Urbano Carrasco.
Adiante. Escrevi a reportagem e, na altura, como forma de agradecimento, enviei cópias da mesma a todas as pessoas que tinham conversado comigo e contribuído para a realização da mesma.
De todos, só recebi uma reação. A do Dr. Balsemão. No correio de casa, um envelope, lá dentro um cartão de visita do próprio com a seguinte mensagem manuscrita: “Parabéns pelo excelente trabalho jornalístico. Continue”. Claro que o “excelente” me encheu o ego, mas foi o “continue” que me consolidou a vontade de ser jornalista.
O facto de ter sido o único a dignar-se responder a um jovem estudante diz muito sobre a sua personalidade e marcou-me para a vida.
A memória é a garantia da posteridade.
Obrigado Dr. Balsemão.
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