Pandemia está sob controlo

A reunião de ontem no Infarmed deixou bem claro que a pandemia está controlada em Portugal. Se há duas semanas os especialistas mostravam a sua preocupação com o aumento do ritmo de transmissibilidade (agora inferior a 1), que poderia conduzir a um aumento da incidência, ontem André Peralta Santos, da DGS, explicou que a tendência se inverteu e é de melhoria em todos os indicadores. Aliada a essa subida estava a abertura das escolas com um aumento dos casos entre os mais jovens que se tem provado menos preocupante do que em setembro de 2020. Dia 25 foi o primeiro desde agosto sem mortes por covid-19.

Plano de vacinação vai acelerar

O coordenador do plano de vacinação almeja vacinar 100 mil pessoas por dia, daqui a duas semanas. Até lá, é provável que o processo de centralização do processo de agendamento, que passa para a alçada do SPMS, traga alguns problemas. A aceleração é, em parte, devida à disponibilização da vacina da Janssen que, a par da da AstraZeneca, será administrada apenas a pessoas com idade inferior aos 60 – o que pode levar à perda de cerca de dois milhões de doses já que a vacinação de todas as pessoas com mais de 70 anos está prevista até ao final desta semana. A perda destas doses pode atrasar a meta da imunização de 70% da população até setembro.

Variante indiana já chegou a Portugal

João Paulo Gomes, do Instituto Ricardo Jorge, confirmou que a estirpe britânica já é responsável por 90% das novas infeções. Quanto à variante de Manaus, com 73 casos já detetados (44 deles nas últimas duas semanas), alertou que a prevalência parece estar a crescer, fruto da abertura progressiva das fronteiras. Outra novidade foram os primeiros seis casos identificados da variante proveniente da Índia, resultantes de, pelo menos, três introduções distintas no país. Marta Temido detalhou que, entre os infetados, há “portugueses sem histórico recente de viagem conhecido até agora, o que pode indiciar transmissão comunitária”.

Letalidade baixou cinco vezes

A probabilidade de uma infeção por covid-19 resultar em morte é neste momento cinco vezes mais baixa do que era nos primeiros meses da pandemia, em que ultrapassava os 4% dos casos positivos, sendo o atual risco de um desfecho fatal cerca de metade do que foi ao longo do último ano. Henrique Barros, presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), detalhou que na faixa acima dos 80 anos esta diferença é “ainda mais marcada”, atribuindo esta descida da letalidade à campanha de vacinação em curso, ao aumento da testagem e aos “efeitos de aprendizagem na resposta à doença”.