Participantes de Davos: entre as acusações e a negação da culpa
"Nenhum banqueiro ou empresário quer assumir responsabilidades. Cada um pensa que foram outros que fizeram algo errado", considera Robert Dilenschneider, CEO do Dilenschneider Group, uma empresa norte-americana de relações públicas.
"Nenhum banqueiro ou empresário quer assumir responsabilidades. Cada um pensa que foram outros que fizeram algo errado", considera Robert Dilenschneider, CEO do Dilenschneider Group, uma empresa norte-americana de relações públicas.
As questões acerca da responsabilidade, culpa e actos de contrição têm pairado constantemente em Davos esta semana. Com um bilião de dólares de perdas na banca e 25 biliões de valor de mercado eclipsado desde o início da crise financeira, há muitas contas a serem prestadas.
"Quando as pessoas olharem para trás, para esta época, estou certo que lhes chamará a atenção as festas dos bancos de investimento em Davos, tal como quando se olhava para a rebeldia dos anos 20. As pessoas é que ainda estão em fase de negação", referiu à Bloomberg um professor de História da Universidade de Harvard, Niall Ferguson. "Existe o sentimento de 'façamos festas, independentemente de tudo' e 'falemos acerca do mundo da pós-crise', porque o final da crise está para breve", acrescentou.
Num painel sobre liderança que decorreu na quinta-feira de manhã, antes de acolher um "coktail" com champanhe e canapés no Hotel Europe Piano, o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, manifestou a sua frustação perante todos aqueles que atiram toda a culpa da crise para cima dos baqueiros . "Deus sabe que foram feitas algumas coisas muito estúpidas pela banca americana”, afirmou Dimon, citado pela Bloomberg. Mas aos órgãos de regulação deixou uma pergunta: "Onde estavam eles? Eles aprovaram todos estes bancos".
O JPMorgan tem tido um desempenho melhor do que a maioria dos seus pares nesta crise, tenho apresentado um lucro de 702 milhões de dólares no quarto trimestre, ao passo que o Citigroup, por exemplo, registou as suas quintas perdas consecutivas.
Stephen Green, "chairman" do HSBC Holdings, também criticou os reguladores num painel sobre capitalismo, na quarta-feira, apelando a uma reforma do ambiente regulatório. David Rubenstein, administrador executivo do Grupo Carlyle e um "habitué" das reuniões anuais de Davos, considera que um tema-chave da reunião deste ano tem a ver com "quem tem a culpa".
Rubenstein, que há dois anos disse em Davos que o panorama para os "leverage buyouts" era "bastante robusto", afirmou agora que a responsabilidade não deve ser vista como pertencendo unicamente ao sector que ele representa. "Existem seis mil milhões de pessoas na Terra e provavelmente cerca de cinco mil milhões têm a sua quota de responsabilidade", acrescentou.
Por seu lado, o CEO do banco de investimento russo Troika Dialog Group, Ruben Vardarian, considera que não basta pedir desculpa. "Os nossos valores tornaram-se desprezíveis. Somos todos culpados", declarou, citado pela Bloomberg.
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