Portugal é dos que menos reduzem o défice em 2022
Os esboços orçamentais enviados a Bruxelas mostram que só o Luxemburgo prevê reduzir menos o défice do que Portugal em 2022. Por oposição, países turísticos, como Grécia e Malta, fazem os maiores ajustamentos. Mas a dívida pública portuguesa é das que mais cai.
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Portugal é o segundo país da Zona Euro que menos prevê reduzir o défice no próximo ano, com o ministro das Finanças a estimar que o saldo orçamental melhore 1,1 pontos percentuais, ao diminuir de 4,3% para 3,2% do PIB, em 2022. Segundo os esboços orçamentais remetidos pelos países da moeda única (até ao fecho desta edição Itália ainda não o tinha feito), só o Luxemburgo faz um ajustamento orçamental inferior ao de Portugal (0,4 pontos percentuais), embora parta de um défice relativamente baixo (0,6% do PIB), procurando agora aproximar-se ainda mais de um saldo orçamental equilibrado. O ritmo de redução do défice previsto para o próximo ano pelo ministro das Finanças destoa dos países que habitualmente são comparados com Portugal. Por um lado, se olharmos para os países que dependem significativamente do turismo, como Grécia e Malta, por exemplo, a estratégia orçamental é oposta. Estes dois países são os que mais preveem reduzir o défice orçamental na Zona Euro no próximo ano (6,2 e 5,5 pontos percentuais do PIB, respetivamente). No entanto, recorde-se que estes países, e pelos efeitos da pandemia, partem de níveis de défice bastante superiores ao de Portugal, perto dos 10%. A título de exemplo, a Grécia espera para este ano um défice de 9,7% do PIB, que espera reduzir para 3,7%. Ao mesmo tempo, países que tiveram fortes vagas da pandemia, como Espanha ou França, também esperam reduzir mais o seu défice orçamental do que Portugal (que também teve uma forte vaga - a terceira -, mas este ano), em 3,6 e 3,2 pontos percentuais, respetivamente. Novamente, estes dois países partem de saldos mais deteriorados em 2020 e que pouco melhoraram em 2021. No caso espanhol, o défice orçamental atingiu 11% no ano passado (segundo dados do Eurostat) e o Governo de Madrid antecipa uma redução para 8,4% este ano. Em 2022, continua a prever um défice relativamente alto, de 5%. Recorde-se que a Comissão Europeia decidiu manter a cláusula de salvaguarda que liberta os Estados-membros do cumprimento das regras orçamentais europeias em 2022. Por isso, a maioria dos países fica acima do limite de 3% (ver texto ao lado). Embora a nível estrutural Portugal não se destaque tanto dos outros países da Zona Euro, a estratégia é a mesma: João Leão é dos ministros das Finanças que menos consolidação faz. Só a Holanda e a Irlanda, que preveem, respetivamente, uma degradação e uma manutenção do saldo estrutural, apresentam uma consolidação inferior. De resto, Portugal junta-se a Espanha e à Eslováquia e antecipa uma redução do défice estrutural (que retira o efeito do ciclo económico nas contas públicas) de 0,2 pontos percentuais. Prevê um ajustamento de 2,7% para 2,5% no próximo ano. Grécia e Malta são novamente os que mais preveem reduzir o seu défice estrutural: o Governo grego antecipa uma diminuição de 4,5 pontos percentuais (de 7,7% para 3,3%) e o maltês espera um corte de 4,1 pontos (de 8,6% para 4,5%).
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