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S&P corta rating dos Estados Unidos (act)

Pela primeira vez a economia norte-americana deixa de ter a sua dívida classificada com notação máxima. A Standard & Poor’s reduziu a notação para AA+.

06 de Agosto de 2011 às 01:53

Entre as principais agências de rating, a S&P é assim a primeira a reduzir o “rating”, mas também a Moodys e a Fitch podem fazer o mesmo em breve, pois colocaram recentemente a notação financeira da dívida norte-americana com “outlook” negativo.

O alerta da S&P tinha sido dado a 14 de Julho e foi concretizado esta sexta-feira à noite, já depois de Wall Street ter encerrado. Os índices accionistas registaram nas últimas cinco sessões a pior prestação semanal desde 2008, com quedas acima de 7%.

"Rating" pode voltar a descer

Desde que atribuiu um “rating” de AAA aos Estados Unidos, em 1941, nunca a S&P tinha cortado a classificação da dívida norte-americana. E apesar da descida de hoje ter sido de apenas um nível, a redução pode não ficar por aqui, já que o “outlook” (perspectiva) da dívida continua negativo.

A S&P ameaça mesmo reduzir o "rating" para AA no médio prazo, se os cortes na despesa anunciados não forem concretizados na totalidade, ou ocorrerem "pressões orçamentais" que elevem o valor da dívida.

A agência de “rating” norte-americana justifica a medida inédita, hoje anunciada, com a preocupação acerca do plano para cortar o défice do país. “O corte reflecte a nossa opinião que o plano de consolidação orçamental, aprovado recentemente pelo Congresso, fica aquém do que, na nossa perspectiva, seria necessário para estabilizar a dinâmica de médio prazo da dívida pública”, explica a S&P numa nota divulgada esta noite.

Com o país à beira do incumprimento, democratas e republicanos alcançaram um acordo de última hora para aprovarem, no início desta semana, o aumento do tecto da dívida dos Estados Unidos. Só que o acordo alcançado não cortou tanto na despesa como desejavam os republicanos, nem aumentou os impostos como pretendia Barack Obama.

A situação política nos Estados Unidos também pesou na decisão da S&P. O corte no "rating" reflecte ainda "a nossa perspectiva de que a eficácia, estabilidade e previsibilidade dos decisores políticos e instituições norte-americanas enfraqueceu, numa altura de desafios orçamentais e económicos, para um nível que não antecipávamos quando colocamos o 'outlook' negativo" em Abril, refere a S&P.

A agência está assim a criticar a divisão entre democratas e republicanos, deixando mesmo de assumir que os benefícios fiscais da era Bush, que Obama quer eliminar, vão acabar em 2013, dado que os republicanos controlam o Congresso e resistirão ao aumento de impostos.

Corte no "rating" pode custar 100 mil milhões de dólares

O acordo alcançado no início da semana elevou o limite da dívida em 2,1 biliões de dólares e fixou o corte na despesa pública em 2,4 biliões de dólares ao longo dos próximos 10 anos. Um valor abaixo dos 4 biliões que a S&P já tinha alertado que seriam necessários.

As previsões da S&P apontam para que a dívida pública dos Estados Unidos atinja 74% do PIB este ano e suba para 79% do PIB em 2015, mesmo assumindo a concretização do acordo para reduzir a despesa. Os Estados Unidos devem termnar este ano com um défice de 1,4 biliões de dólares, o equivalente a 9% do PIB.

Com as perspectivas a apontarem já para um forte abrandamento da economia norte-americana, o cenário pode ainda ficar mais sombrio com esta descida de “rating”. Cálculos da JPMorgan apontam para que esta decisão possa elevar os custos de financiamento dos Estados Unidos em 100 mil milhões de dólares.

E afectar não apenas o estado norte-americano, mas também as famílias, já que nos Estados Unidos muitos créditos estão indexados aos juros da dívida pública.

O próprio Barack Obama, quando tentava convencer democratas e republicanos a entenderem-se, alertou que um possível corte de “rating” dos Estados Unidos iria penalizar os norte-americanos em geral, uma vez que elevaria os custos com o crédito das famílias. Os cálculos do JPMorgan apontam para um corte no crescimento do PIB de 0,4 pontos percentuais, assumindo que a “yield” das Treasuries subiria entre 60 a 70 pontos base.

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