NATO promete resposta “robusta” após incursão aérea russa na Estónia
A NATO comprometeu-se esta terça-feira a dar uma resposta “robusta” às recentes incursões de aeronaves russas no espaço aéreo da Estónia, reafirmando que utilizará todos os meios, militares e não militares, para defender os seus aliados, em total conformidade com o direito internacional. Segundo a Bloomberg, a aliança declarou que “os aliados não serão dissuadidos por estes e outros atos irresponsáveis da Rússia” e enfatizou que todas as ameaças, de qualquer direção, serão enfrentadas com firmeza.
O incidente que motivou a reunião ocorreu na sexta-feira passada, quando três caças russos MiG-31 violaram o espaço aéreo estónio por cerca de 12 minutos sobre a ilha de Vaindloo, no Golfo da Finlândia. A Estónia considerou o ato parte de uma “estratégia mais ampla do Kremlin para testar a Europa e a determinação da NATO”. Como reação imediata, caças da missão de policiamento aéreo no Báltico, conduzida pela Itália, em coordenação com a Suécia e a Finlândia, foram mobilizados para intercetar os aparelhos russos, de acordo com a AFP.
PUB
Taline invocou ainda o Artigo 4.º do Tratado do Atlântico Norte, que permite consultas entre aliados sempre que um deles se sinta ameaçado. Em paralelo, solicitou uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança das Nações Unidas, realizada esta segunda-feira, um gesto sem precedentes em 34 anos de adesão do país à NATO.
O Ministério da Defesa da Rússia negou que os aviões tenham entrado no espaço aéreo estónio, afirmando que seguiam uma rota planeada entre a República da Carélia e o enclave de Kaliningrado. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, descreveu as acusações como “infundadas” e afirmou que Moscovo cumpre rigorosamente as normas internacionais e os regulamentos de voo.
PUB
Este foi o quarto incidente do tipo na Estónia este ano e o terceiro registado em setembro, depois de violações do espaço aéreo na Polónia e na Roménia. Este mês a NATO chegou a abater drones russos que entraram no espaço aéreo polaco, o que constituiu a primeira ação do género desde o início da invasão da Ucrânia em 2022. Ainda no início de setembro, os três países bálticos e a Polónia chegaram a encerrar temporariamente partes do seu espaço aéreo fronteiriço com a Rússia e a Bielorrússia, num sinal de crescente preocupação com possíveis ameaças militares.
Face a este padrão de provocações, a NATO está a reforçar a sua presença militar no flanco leste através da operação “Eastern Sentry”, que inclui patrulhas aéreas contínuas, presença militar reforçada e sistemas de defesa aérea e antimísseis mais integrados, segundo a Reuters.
Os líderes dos países bálticos têm alertado para o caráter recorrente destas violações. O presidente lituano, Gitanas Nauseda, citado pela Bloomberg, afirmou que “a Rússia está a testar-nos, a testar a nossa preparação, a testar o nosso compromisso de retaliar. É muito importante mostrar solidariedade”. O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, acrescentou que a Polónia está preparada para derrubar aeronaves estrangeiras que entrem no seu território sem autorização, referindo-se aos drones russos abatidos recentemente no país.
PUB
O ministro estónio dos Negócios Estrangeiros, Margus Tsahkna, disse em entrevista à Bloomberg TV que “Putin está a brincar com fogo” e advertiu que, numa próxima ocasião, a resposta poderá ser diferente caso haja uma ameaça imediata.
Já a vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas, qualificou a incursão como uma “provocação extremamente perigosa” e reafirmou o apoio da UE aos Estados-membros na proteção das suas fronteiras. De acordo com a Reuters, a NATO sublinhou que ações como estas são “escalatórias, arriscam erros de cálculo e colocam vidas em perigo”.
Mais lidas
O Negócios recomenda