Bruxelas propõe aumento do orçamento europeu de longo prazo para 2 biliões

Comissão Europeia sugere aumentar quadro financeiro plurianual dos 1,2 biliões de euros atuais para 2 biliões entre 2028 e 2034. Aumento é explicado pelo crescimento da despesa com a dívida da "bazuca" europeia e a resposta às novas prioridades europeias de competitividade e defesa.
A proposta de orçamento da UE a longo prazo foi apresentado pelo comissário Piotr Serafin.
Joana Almeida 16 de Julho de 2025 às 15:35

A Comissão Europeia avançou esta quarta-feira com uma proposta de orçamento da União Europeia (UE) a longo prazo de 2 biliões de euros, que irá abranger o período de 2028 a 2034. O montante corresponde a cerca de 1,26% do rendimento nacional bruto dos 27 Estados-membros, e compara com 1,2 biliões de euros do orçamento europeu atual (2021-2027).

Esse aumento da dotação orçamental visa responder à inclusão de novas prioridades políticas da UE, como é o caso da competitividade e da defesa, que vão juntar-se às prioridades tradicionais de coesão territorial e da Política Agrícola Comum (PAC). Além disso, o novo orçamento terá de financiar também a dívida contraída com a chamada "bazuca" europeia, onde se incluem os Planos de Recuperação e Resiliência (PRR).

PUB

A proposta – apresentada pelo comissário europeu do Orçamento, Piotr Serafin, no Parlamento Europeu – tem, no entanto, apenas 1,8 biliões disponíveis para financiar as prioridades europeias no pós-2027, já que 168 mil milhões estão predestinados para pagar a dívida criada pela "bazuca" europeia. 

Ainda assim, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, salientou que "o próximo quadro financeiro plurianual [orçamento de longo prazo] será o mais ambicioso alguma vez proposto". "É mais estratégico, mais flexível, mais transparente. Estamos a investir mais na nossa capacidade de resposta e mais na nossa independência", afirmou, em conferência de imprensa, enquanto Piotr Serafin estava ainda a dar a conhecer a proposta aos eurodeputados.

A proposta prevê uma redução dos programas atualmente existentes de 52 para 16, com vista a "simplificar e modernizar" o orçamento europeu. Para operacionalizar os fundos relativos à Política de Coesão e à Política Agrícola Comum (PAC), vão ser criados planos únicos por país, apelidados de parcerias nacionais e regionais, para "maximizar" o impacto desses fundos. Esses planos serão geridos a nível nacional, local e regional e terão uma "forte ambição social", com 14% a serem destinados à inclusão, melhoria de qualificações e combate à pobreza.

PUB

Vai ser ainda também um novo Fundo Europeu para a Competitividade, no valor de 409 mil milhões de euros, com o objetivo de apoios os investimentos em tecnologias estratégicas (nomeadamente nas áreas da transição digital; transição climática; saúde, biotecnologia, agricultura e bioeconomia; defesa e espaço), conforme recomendado nos Relatórios Letta e Draghi. Esse fundo será operacionalizado através de um único regulamento e servirá de porta de acesso única para os candidatos a financiamento.

A Comissão Europeia anunciou ainda que o novo orçamento vai ser também "mais flexível", de forma a dar capacidade à UE para "agir e reagir rapidamente quando as circunstâncias mudam inesperadamente ou quando novas prioridades políticas precisam ser abordadas". É, assim, proposta a criação de um mecanismo para gestão de crises com uma dotação de 400 mil milhões de euros.

PUB

Para financiar a despesa aprovada, a Comissão Europeia irá avançar com "uma alteração radical" nos recursos próprios, garantindo que as contribuições dos Estados-membros – que são a principal fonte de receita do orçamento da UE – vão manter-se "constantes". Em cima da mesa estão três novas fontes de receita: um imposto especial sobre tabaco, outro sobre resíduos eletrónicos não reciclados e outro sobre empresas com uma fatura líquida anual de, pelo menos, 100 milhões de euros.

Estes três novos impostos vão juntar-se a outros dois que já tinham sido propostas em 2021, nomeadamente as receitas das licenças de emissões e as do mecanismo de ajustamento de carbono nas fronteiras.

A expectativa da Comissão Europeia é de que essas novas fontes de receita possam gerar, em média, cerca de 58,5 mil milhões de euros por ano, aliviando assim a pressão sobre as finanças públicas europeias e assegurando um orçamento equilibrado como mandam as regras da UE.

PUB

A apresentação da proposta da Comissão estava inicialmente prevista para às 11:30 (hora de Lisboa), mas foi sendo sucessivamente adiada, devido às dificuldades em encontrar consenso entre os membros do colégio de comissários. 


Saber mais sobre...
Saber mais Orçamento Bruxelas União Europeia Comissão Europeia
Pub
Pub
Pub