Macron quer travar circulação de trabalho barato. Costa não vai gostar
A renegociação da directiva que regula o destacamento de trabalhadores promete provocar um choque frontal entre Paris e Lisboa. Quase metade dos portugueses que trabalham temporariamente num outro Estado-membro vai para França.
O presidente francês, Emmanuel Macron, quer que a Comissão Europeia faça mais para conter o afluxo de trabalhadores europeus de baixos salários, argumentando que esse fenómeno está a minar apoio à União Europeia – em França e não só. "Ao lado desta França que reforma, que transforma, que muda, precisamos de uma Europa que proteja", disse Macron, citado pela Reuters, após um encontro com o presidente Jean-Claude Juncker, que decorreu nesta quinta-feira, 25 de Maio, em Bruxelas.
A causa próxima destas declarações reside na directiva de destacamento de trabalhadores, que está a ser renegociada em moldes que prometem ter especial impacto em Portugal. "Quando alguém trabalha num país, deve aplicar-se o princípio 'para o mesmo trabalho, o mesmo salário'", argumentou esta tarde Emmanuel Macron. Citado pela Reuters, o presidente disse que a diferença salarial face aos trabalhadores da Europa de Leste minou a "ideia da Europa" e alimentou os extremismos – particularmente na França, mas não só. "Em parte, foi também isto que alimentou o Brexit", acrescentou, referindo-se à decisão de saída do Reino Unido da União Europeia.
"Quando alguém trabalha num país, deve aplicar-se o princípio 'para o mesmo trabalho, o mesmo salário'", argumentou esta tarde Emmanuel Macron. Citado pela Reuters, o presidente disse que a diferença salarial face aos trabalhadores da Europa de Leste minou a "ideia da Europa" e alimentou os extremismos – particularmente na França, mas não só. "Em parte, foi também isto que alimentou o Brexit", acrescentou, referindo-se à decisão de saída do Reino Unido da União Europeia.
A nova versão proposta pela Comissão Europeia, que deverá ser negociada e adoptada pelos governos europeus ainda antes do Verão, é mais exigente e fixa que, em regra, os trabalhadores destacados fiquem submetidos aos mesmos direitos e deveres dos locais, incluindo tabelas salarias.
A França e países mais ricos como a Alemanha, apoiam esta linha e querem até ir mais longe na luta contra o "dumping" social, mas países como a Polónia e Portugal prometem fazer-lhes frente. Segundo os últimos dados disponibilizados pela Comissão Europeia, quase 65 mil trabalhadores portugueses trabalharam temporariamente noutro Estado-membro em 2015, e a maior fatia (44%) foi para França.
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