FMI: Juros negativos pesam na almofada financeira de Portugal

O Estado terminou o ano com uma almofada financeira de 10.200 milhões de euros. Mas os juros negativos aumentam o custo de ter essa rede de segurança.
FMI: Juros negativos pesam na almofada financeira de Portugal
Rui Barroso 22 de Fevereiro de 2017 às 14:50

Portugal fez um novo reembolso antecipado ao FMI este mês, amortizando 1.700 milhões de euros. Apesar da subida dos custos de financiamento do Estado poderem diminuir a poupança com juros dessa opção, essa estratégia permite diminuir os custos da almofada financeira, segundo as indicações dadas pelas autoridades nacionais à entidade liderada por Christine Lagarde.

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"Com as taxas das obrigações a aproximarem-se de 4%, as autoridades reconheceram que as poupanças com juros de pré-pagamentos adicionais ao Fundo desceram, mas notaram que as taxas negativas de depósito aumentaram o custo de reter uma almofada financeira elevada", refere o relatório da quinta monitorização pós-pograma do FMI a Portugal. O documento, divulgado esta quarta-feira, foi concluído a 26 de Janeiro, ainda antes do Estado ter feito mais um reembolso antecipado ao Fundo.

No final do ano passado, a almofada financeira situou-se em 10.200 milhões de euros, segundo o FMI. O "suficiente para cobrir cerca de 50% das necessidades de financiamento projectadas (excluindo dívida de curto prazo)", estima o Fundo.

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O valor da almofada inclui os 2.700 milhões de euros para recapitalizar a Caixa Geral de Depósitos. E, apesar do aumento dos custos de manter esta rede de segurança, o FMI revelou que "as autoridades mantêm a meta indicativa de ter uma almofada de liquidez de 40% a 50% das necessidades de financiamento projectadas nos próximos 12 meses".

Estrutura da dívida melhorou nos últimos dois anos

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Ao analisar a forma como o perfil da dívida portuguesa foi gerido, o FMI considera que "apesar das necessidades de financiamento anuais continuarem elevadas, a combinação de emissões de longo prazo de e de recompras de dívida de curto prazo ajudou a moderar as necessidades de refinanciamento de curto prazo e a suavizar o perfil de amortizações da dívida pública nos últimos dois anos".

No entanto, o Fundo nota que essa tendência abrandou em 2016, com "as autoridades a aumentarem as emissões para o mercado de retalho doméstico para ajudar a diversificar a sua base de investidores e a limitar os custos gerais de financiamento". Apesar desse abrandamento, o FMI realça que "a maturidade média da dívida, excluindo os empréstimos da União Europeia e do FMI, melhorou de 6,6 anos no final de 2016 comparando com os 5,1 anos no final de 2013". 

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