Galamba: Banco de Portugal está a ficar com recursos fundamentais para o país
O PS considera que a política de provisões do Banco de Portugal está a privar os portugueses de recursos fundamentais e quer um sobressalto e um consenso nacional em torno da proposta que defende que o banco central faça menos provisões para cobrir o risco da dívida pública que está a comprar no âmbito do programa de compra de activos do BCE. A proposta, que aumentaria dividendos e impostos a pagar ao Estado, é acompanhada pelo Bloco de Esquerda que apoia uma eventual alteração legislativa à lei orgânica do BdP que facilite esse objectivo, e faz parte das três propostas do documento que o Governo diz apoiar.
PUB
"É objetivo do PS que esta medida mereça mais consenso nacional", começou por dizer João Galamba, porta-voz do PS, e membro do Grupo de Trabalho, na sessão de apresentação do documento. O Banco de Portugal está "sobrecapitalizado de uma forma injustificada", continuou, defendendo que o banco central não está obrigado ao actual nível de provisões, tendo optado por se afastar "significativamente dos outros bancos centrais" O resultado é o pagamento de menos dividendos e impostos ao Estado, o que acaba por "privar o orçamento e portanto os contribuintes de recursos públicos".
PUB
Nas contas do Grupo de Trabalho, se o Banco de Portugal não fizesse mais provisões do que as que já fez em 2015 (480 milhões de euros), pagaria ao Estado, entre dividendos e impostos, mais 450 milhões de euros este ano, e 195 milhões no próximo. Entretanto, em relação a 2016 (com impacto nos dividendos e impostos pagos este ano) o Banco de Portugal terá na mesmo feito provisões, ainda que menores: 100 milhões de euros, segundo revelou Ricardo Cabral, um dos membros do grupo de trabalho, que não quantificou qual o impacto em menos impostos e dividendos.
PUB
João Galamba espera mesmo que "o debate cause um certo sobressalto nacional", e que se consiga "um grande consenso, eventualmente envolvendo também o Banco de Portugal, de que estes são recursos públicos fundamentais para outras áreas, como a saúde e à edução", afirmou, reforçando: "não existe nenhuma justificação" para o provisionamento que foi feito pelo Banco de Portugal.
PUB
A posição do PS é secundada pelo Bloco de Esquerda, com Pedro Filipe Soares, líder da bancada, a mostrar disponibilidade, como aliás também João Galamba, para uma alteração à lei orgânica do Banco de Portugal que, mantendo a decisão na esfera do banco central, force a Carlos Costa a uma justificação muito mais minuciosa das suas opções de provisões para este tipo de riscos.
PUB
"É possível haver uma alteração à lei e é possível melhorar" sintetizou o deputado do Bloco de Esquerda, afirmando: "Há um repto para que seja uma questão nacional e para que seja resolvida como tal. Não podemos aceitar que o Banco de Portugal tenha uma política de provisões e seja contracíclica e prejudicial às contas públicas. Estamos disponíveis para esse caminho".
PUB
A redução do nível de provisões e o aumento dos dividendos e impostos a pagar pelo Banco de Portugal foi também uma das três medidas do relatório que já mereceu o apoio do Governo. "Tem se de avaliar até que ponto a política de provisões do banco de Portugal não se deveria aproximar mais do praticado pela generalidade dos outros bancos centrais da Zona Euro", afirmou João Leão, o secretário de Estado do Orçamento, na sessão de apresentação do relatório.
PUB
Saber mais sobre...
Saber mais Banco de Portugal BdP Bloco de Esquerda Pedro Filipe Soares política banco central economia negócios e finançasQuem pediu o euro digital?
Mais lidas
O Negócios recomenda