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UTAO: 60% da melhoria do défice foi conseguida até Maio

Já corrigido de ajustamentos, o défice em contabilidade nacional deverá ter-se fixado até Maio em cerca de 1,35 mil milhões de euros, o que representa uma diminuição de mais de 800 milhões face a 2015. Boas notícias, mas o período mais difícil para as contas públicas pode ainda estar por ultrapassar.

mário centeno governo parlamento ministro finanças
mário centeno governo parlamento ministro finanças Miguel Baltazar
05 de Julho de 2016 às 12:17

Segundo a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), os dados ajustados dos primeiros cinco meses de 2016 revelam uma melhoria de 816 milhões de euros do défice orçamental face a 2015. Um valor que representa cerca de 60% do ajustamento previsto no Orçamento do Estado para 2016. No entanto, a UTAO recomenda "cautela" na interpretação destes valores, uma vez que alguns factores de pressão sobre o défice apenas se deverão manifestar na segunda metade do ano.

"Numa primeira aproximação à óptica da contabilidade nacional, a estimativa elaborada pela UTAO aponta para um défice de 1.345 milhões de euros até Maio de 2016, o qual representa uma melhoria de 816 milhões face ao período homólogo. Sublinhe-se que para o conjunto do ano 2016 está previsto um défice de 4.183 milhões, o qual tem subjacente uma melhoria de 1.355 milhões face a 2015", pode ler-se na nota da UTAO, recebida esta manhã pelo Negócios.

Por detrás deste resultado estão dois movimentos contrários. Por um lado, a receita está a ter um desempenho pior em relação àquilo que estava orçamentado (queda ajustada de 0,3%), devido às "outras receitas correntes" e à receita de capital. Por outro lado, a despesa está a evoluir de forma mais controlada do que se antecipava (crescimento ajustado de 1,2%), com um bom desempenho dos subsídios, do investimento e da compra de bens e serviços.

"Até Maio, tanto a execução da receita como a execução da despesa ficaram aquém das previstas. Ao nível da receita efectiva verificou-se um decréscimo de 0,3%, o qual contrasta com o crescimento de 4,6% perspectivado para o conjunto do ano", escrevem os técnicos da UTAO. "Ao nível da despesa efectiva verificou-se um acréscimo de 1,2%, o qual contrasta com o crescimento de 6% perspectivado para o conjunto do ano."

No entanto, a UTAO faz questão também de assinalar que estes números não justificam um optimismo excessivo em torno da capacidade do Governo atingir a sua meta de défice (2,2% do PIB). Algumas das principais pressões sobre a receita e sobre a despesa apenas se concretizarão a partir da segunda metade do ano, como é o caso da descida do IVA da restauração e a continuação da devolução dos cortes salariais da Função Pública.

"O valor relativamente reduzido do défice até Maio deve ser interpretado com cautela, uma vez que com a informação do mês de Junho será de esperar um agravamento em resultado das despesas com juros e das despesas com pessoal, entre outros efeitos. A título de exemplo, de Maio para Junho de 2015 verificou-se um aumento do défice na óptica da contabilidade pública de cerca de 2.700 milhões de euros, com reflexos também em contabilidade nacional."

Além disso, como já noticiou o Negócios, pode também estar a assistir-se a um fenómeno de adiamento de despesa. Desde o início do ano, os pagamentos em atraso do Estado a fornecedores estão a aumentar, a mesma trajectória observada na dívida das Administrações Públicas.

Por último, e mais preocupante para a capacidade de Portugal atingir as metas de consolidação orçamental, a injecção de capital na Caixa Geral de Depósitos poderá contar para o défice, dependendo da classificação do Eurostat. Caso isso aconteça, muito dificilmente qualquer objectivo será cumprido.

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