Guião de Paulo Portas sugere fusão de municípios
“Somos por formas que permitam a agregação dos municípios”, afirmou Paulo Portas durante a apresentação do guião da reforma do Estado. Segundo se lê no documento, o objectivo é iniciar “um processo de reforma dos municípios aberto e contínuo, que facilite e promova a sua agregação”. Tudo isto deve ser feito “de preferência, com o máximo consenso interpartidário possível”, e através de diálogo com a Associação Nacional de Municípios.
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É a primeira vez que o Governo fala na necessidade de fundir municípios. Na lei que impõe a reforma das freguesias, o Executivo possibilitava a fusão voluntária dos municípios que assim entendessem – nenhum o quis fazer. Até agora, o Governo dizia que o número de municípios portugueses – 308 – está abaixo da média europeia. E, de acordo com a Associação Nacional de Municípios, Portugal é o País que tem municípios com maior dimensão média.
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Esta proposta do guião de Paulo Portas parece indicar uma mudança de discurso do Executivo. A versão original do memorando de entendimento com a troika, por exemplo, pedia uma “redução significativa” de municípios e freguesias, mas o Governo optou por cortar apenas freguesias. Recorde-se que Miguel Relvas chegou a dizer que a troika queria “cortar metade das autarquias”, mas o Governo opôs-se.
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O documento nunca fala em extinção de municípios, optando por reutilizar o termo “agregação”, que tem sido usado pelo Governo para caracterizar a fusão de freguesias que já ocorreu – e que reduziu 1.168 freguesias.
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Portas aceita sugestões de António Costa
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Na tomada de posse como presidente da câmara de Lisboa, na passada semana, António Costa disse que “a descentralização devia ser a verdadeira pedra angular de uma reforma do Estado”, referindo-se à descentralização de competências do Estado para os municípios e para as “áreas metropolitanas e regiões”.
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Paulo Portas parece ter dado ouvidos ao presidente da maior câmara do País. No guião da reforma do Estado, o Governo diz que devem tomar-se medidas para “preparar um novo processo de transferência de competências da Administração Central para os municípios e as entidades intermunicipais. O programa ‘Aproximar’, em curso, ajudará a consolidar este processo ambicioso de descentralização”.
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Por outro lado, António Costa e Rui Rio foram grandes defensores da transferência do policiamento do trânsito para as polícias municipais de Lisboa e Porto. Além disso, António Costa defende que os transportes sejam geridos a nível metropolitano. O guião responde a ambas as pretensões, sublinhando que “devem poder considerar-se transferências” em áreas como “transportes e policiamento de trânsito onde se justifique”.
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