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TCE pede auditoria externa a todas as despesas do próximo orçamento europeu

Auditor europeu concorda com proposta da Comissão Europeia de simplificar o acesso a fundos europeus, mas pede um reforço do controlo na sua aplicação. Foco no desempenho é elogiado, mas só com "relação clara entre financiamento e resultados".

TCE sugere auditoria externa a todas as despesas no novo orçamento europeu a longo prazo.
TCE sugere auditoria externa a todas as despesas no novo orçamento europeu a longo prazo.
16 de Junho de 2025 às 16:00

Simplificar o acesso a fundos europeus e dar ênfase aos resultados são as grandes prioridades de Bruxelas para o próximo orçamento europeu de longo prazo. Mas o Tribunal de Contas Europeu (TCE) alerta que é preciso ir mais além no que toca à transparência e sugere uma auditoria externa a todas as despesas, numa altura em que a fatura a pagar pelos Planos de Recuperação e Resiliência (PRR) se avoluma.

O alerta consta de um , a menos de um mês de ser conhecida a proposta da Comissão Europeia para o próximo quadro financeiro plurianual (2028-2034). No documento que visa contribuir para a discussão em curso sobre o orçamento europeu de longo prazo, o TCE apresenta uma lista de "oportunidades" que o novo orçamento pode trazer para um uso mais eficiente de verbas europeias.

O documento tem como ponto de partida as prioridades do executivo de Ursula von der Leyen, expressas num , e que assentam essencialmente na simplificação, flexibilidade e foco nos resultados. E, embora (em termos gerais) concorde com as alterações propostas pela Comissão Europeia, o auditor europeu alerta para a necessidade de seguir o rasto dessas verbas e definir bem a quem cabe o seu controlo.

7Anos
Comissão Europeia deverá apresentar a proposta de orçamento europeu de longo prazo em julho. Documento define prioridades e limites das despesas entre 2028 e 2034.

"A auditoria externa independente é um elemento essencial para garantir a transparência, responsabilização e para melhorar a tomada de decisões", defende o TCE. Assumindo estar disponível para garantir esse maior controlo, o TCE pede aos decisores europeus que reforcem o seu mandato, de forma a poder "auditar gastos da UE em todos os níveis, até os beneficiários e destinatários finais" entre os 27 Estados-membros.

O auditor defende que o risco de irregularidades na aplicação de fundos europeus é maior quando as despesas estão sujeitas a "regras complexas" e, por isso, apoia que a proposta de simplificação da Comissão Europeia e antevê ganhos em termos de eficiência na absorção financeira, se houver uma junção de fundos e instrumentos europeus no mesmo bolo com as mesmas regras. "No entanto, essa simplificação não deve ser feita em detrimento da responsabilização na utilização dos fundos europeus", frisa.

A adoção tardia de normas regulamentares dos programas-quadro e operacionais, a sobreposição de períodos de programação e a implementação ao mesmo tempo de múltiplos instrumentos financeiros são outros aspetos que prejudicam a implementação dos fundos europeus nos Estados-membros e que, segundo o TCE, devem ser tidos em conta no próximo orçamento.

A juntar a isso, o TCE dá conta de que os procedimentos de contratação pública "demoram hoje mais tempo do que há dez anos". Simplificar ainda mais os acordos de contratação pública com vista a reduzir a carga administrativa e irregularidades deve ser, por isso, uma prioridade também da Comissão Europeia para garantir uma boa execução orçamental, diz.

Simplificação não deve ser feita em detrimento da responsabilização na utilização dos fundos europeus. Tribunal de Contas Europeu

Em relação à intenção da Comissão Europeia de dar maior ênfase ao desempenho no próximo quadro financeiro plurianual – à semelhança do que acontece nos PRR em que há um conjunto de metas e marcos, associados a investimentos e reformas pré-acordados –, o auditor europeu vê a medida com bons olhos mas diz que é preciso "conceber um , que se concentre no impacto e resultados, e mecanismos de monitorização para acompanhar as despesas.

Se não for possível haver "uma relação clara entre o financiamento e os resultados", o TCE considera que deve ser "descartado" um sistema baseado no desempenho.

Equilíbrio com receitas

Apesar de grande parte das recomendações do TCE se centrarem na parte da despesa – onde a Política de Coesão e a Política Agrícola Comum (PAC) têm um peso muito significativo –, a entidade liderada por Tony Murphy aponta também para a necessidade de a União Europeia (UE) obter receitas "de forma estável e simples", assegurando "um equilíbrio adequado entre as prioridades para as despesas e os recursos com que podem ser financiadas".

O próximo orçamento europeu a sete anos terá ainda de cobrir uma lista de exigências cada vez maior, nomeadamente no que toca ao pagamento dos empréstimos dos PRR. A estimativa é de que, durante o próximo quadro financeiro plurianual, será necessário pagar "25 a 30 mil milhões de euros por ano", incluindo juros. Isso torna ainda mais urgente a procura por novos recursos próprios, para financiar o crescimento das despesas europeias.

A revisão das licenças de emissões e a tributação de emissões de carbono em certos produtos importados são alguns dos novos recursos próprios em cima da mesa, assim como a tributação de lucros das empresas no setor empresarial.

O TCE considera que a introdução desses novos recursos próprios traz consigo "desafios", entre os quais "receitas flutuantes" e a necessidade de mecanismos de contabilidade e auditoria robustos para garantir transparência e responsabilização. A criação de um "quadro jurídico consistente" e apoio técnicos às autoridades nacionais são algumas das recomendações do auditor europeu.

Em relação à despesa com o pagamento do chamada "bazuca" europeia, pede a Bruxelas que os novos empréstimos tenham em vista "uma redução dos riscos" e que seja elaborado "um plano de reembolso claro". Só devido à subida dos juros, estima-se que os custos com os reembolsos da "bazuca" tenham aumentado "entre 17 e 27 mil milhões de euros" até 2058.

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