Proprietários desconfiam da compra "pública" de prédios degradados
As maiores associações de proprietários mostram-se desiludidas com a iniciativa do Governo que permitirá aos proprietários colocar no novo Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado (FNRE) os prédios degradados que não tenham condições financeiras para reabilitar.
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Luís Menezes Leitão, presidente da Associação Lisbonense de Proprietários, diz que "não faz sentido absolutamente nenhum", apontando o dedo às "iniciativas contraditórias" que estão a ser lançadas. Por um lado, em referência ao diploma do PS que vai ser debatido na sexta-feira, 8 de Abril, no Parlamento, que acusa de "prorrogar o congelamento das rendas", conclui que "assim não há nenhuma viabilidade em qualquer operação de reabilitação" e que isso "vai matar completamente a reabilitação urbana".
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Por outro, classifica de "realmente absurda" a ideia do Governo de aplicar 1.400 milhões de euros do Fundo de Estabilidade Financeira da Segurança Social na recuperação de património. "Os proprietários são postos a fazer o papel da Segurança Social no [alargamento do] regime transitório e a Segurança Social é que passa a fazer as obras de que os prédios precisam?", questiona.
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Quanto a esta modalidade do fundo público comprar prédios particulares degradados, Menezes Leitão diz que "não vai ter interesse nenhum" e duvida das condições desse fundo para pagar o valor dos prédios. "Comprar aquilo a pataco? Não será um bom negócio para os proprietários. Até podem conseguir que alguns vendam, mas não aconselharemos os proprietários a entrar nesse esquema", sentenciou.
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A cenoura depois do pau?
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Também o líder da Associação Nacional de Proprietários lamenta que "todas as medidas que estão a ser anunciadas fazem parte daquela história do pau e da cenoura". É que, por um lado, com a perspectiva de, em alguns casos, as rendas continuarem congeladas, diz que os proprietários não têm dinheiro para fazer obras. "E agora vem a parte da cenoura. Não acredito na bondade destas medidas feitas por estes dirigentes", acrescenta.
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"Eu não acredito. Estamos a falar de questões de fé? Então tudo bem, isso não se discute. (…) Este é o país das farturas. Os governos quando iniciam funções vêm sempre com estes programas de reabilitação mas nunca nenhum fez nada. E [os imóveis] continuam degradados porque as rendas estão congeladas e os senhorios não podem roubar carteiras para recuperar o prédio", detalha António Marques.
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Já a vice-presidente da Associação de Proprietários do Norte de Portugal, Patrícia Maio, que acredita que esta medida "tem tudo para ser uma notícia que interessa aos [seus] associados", que detêm maioritariamente prédios antigos, anteriores a 1990, ressalva também que é preciso aguardar pelo avanço efectivo da proposta, uma vez que "na prática ainda não [viu] nada".
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Imobiliárias aguardam pelo "clima"
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"Ver para crer" é também o posicionamento dos profissionais e empresas de mediação imobiliária, que recordam que "este já é o terceiro governo que no início do seu mandato coloca como desígnio nacional a reabilitação urbana, que leva à dinamização do arrendamento".
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Ainda assim, o presidente da associação do sector (APEMIP), Luís Lima, reconhece que esta é uma proposta que "pode ajudar à renovação das cidades" e concorda que "haja apoios para os particulares, e não apenas para as grandes entidades, nomeadamente fundos". Seja com unidades de participação em fundos, seja através de empréstimos com uma taxa de juro favorável.
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A finalizar, Luís Lima acredita que o novo fôlego à reabilitação urbana "interessa ao sector do imobiliário como um todo". Não sabe se as imobiliárias directamente serão beneficiadas, já que não sabe como é que estes activos serão colocados no mercado. Porém, sustenta que "quando há um bom clima isso afecta todo o mercado em si, sem dúvida que cria confiança".
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